Capitaneado por Clarindo Silva, do restaurante Cantina da Lua, o movimento da Associação dos Comerciantes do Pelourinho recebeu do presidente da Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA), deputado Angelo Coronel (PSD), na tarde desta segunda-feira (5), no Salão Nobre da Casa, a boa notícia que seus integrantes esperavam.
A reforma das Praças Pedro Arcanjo, Tereza Batista e Quincas Berro Dágua, promovida pelo Governo do Estado, passará a ser realizada em etapas. Ou seja, quando uma estiver sofrendo os reparos, as outras duas ficarão em funcionamento. E a proposta de refinanciamento da dívida dos 160 permissionários em débito com o Refis (Programa de Recuperação Fiscal) será estudada pelo governo e rediscutida com os comerciantes, através da entidade da classe.
O chefe do Legislativo estadual levou os pleitos dos comerciantes ao governador Rui Costa, na semana passada, e recebeu o sinal verde do Palácio de Ondina. É a segunda vez em 15 dias que Coronel recebe os manifestantes, que desejam conhecer o projeto e o cronograma das obras. O deputado Pablo Barrozo (DEM) também participou da audiência.
A intenção da entidade de classe é evitar uma queda brusca nas vendas com a interrupção das atrações festivas nas três praças. Formavam a comissão donos de bar e restaurante, de galerias de arte, grupo de capoeira, padeiro, moradores, produtores culturais, trançadeiras etc.
A comissão solicitou a ajuda do presidente da Alba também no sentido de que o governo autorize a utilização de som nas praças em funcionamento. Imediatamente, Coronel ligou para o secretário estadual de Cultura, Jorge Portugal, que autorizou a comissão a procurá-lo.
Outras queixas foram feitas a Angelo Coronel, inclusive com relação ao tratamento descortês dispensado aos comerciantes pelos prepostos do IPAC – Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural do Estado -, postura que os parlamentares classificaram de inaceitável.
Presidente da associação, Clarindo Silva disse que dos 230 comerciantes do Pelourinho, 160 estão inadimplentes com o Refis. Para ele, o “Pelô está na UTI”, como diziam faixas e cartazes que portavam os cerca de 50 manifestantes, devido ao fim de festas anteriormente celebradas no Pelô, a exemplo da Páscoa, a Primavera, o Natal, o Santo Antônio e a Bênção, “principal alavancador da revitalização” daquele logradouro público, enfatizou o dono da Cantina da Lua.
Deputado Pablo Barrozo condenou o que chamou de “estado de letargia do governo” para a área do turismo e ressaltou que lutar pelo Pelourinho é fazer a defesa do patrimônio e da identidade da Bahia. Observou que 7% da economia da capital são oriundos do turismo, e disparou: O Pelourinho não pode ficar igual ao Centro de Convenções, que ninguém sabe pra onde vai”.
Proprietário da loja de quadros Big Axé, Carlos Augusto Pereira – um dos inadimplentes com o Refis -, destacou que o Pelourinho está esvaziado e por isso o comércio sofreu grande queda nas vendas. “Estou no Pelô desde 1992, e costumava fechar minha loja pela madrugada; agora fecho as portas às 16 horas por falta de cliente”.
“A capoeira também vem sofrendo, é outra vítima dessa política do governo para o Pelourinho”, salientou mestre Jairo, do Grupo de Capoeira Terreiro de Jesus.
Fotos: Sandra Travassos