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Demissão dos três jogadores filmados em masturbação coletiva expõe a homofobia no futebol

Não é novidade para ninguém que o ambiente do futebol é homofóbico. Quem vai ao estádio costuma ouvir palavras como ‘bicha’ e ‘veado’ sendo usadas como xingamentos. Casos como o do jogador Richarlyson, atualmente no Guarani, também caracterizam a intolerância com homossexuais no esporte.

O acontecimento mais recente que levantou a discussão foi a dos três jogadores do Sport Clube Gaúcho, time da terceira divisão do Rio Grande do Sul, demitidos após um vídeo de um deles masturbando os outros ser divulgado.

Ao E+, Gilmar Rosso, presidente do clube, garante que a demissão foi por indisciplina, pois é proibido divulgar imagens relacionadas ao clube sem autorização da diretoria. Como o caso ocorreu no vestiário, o vídeo não poderia ter sido veiculado. Se eles estivessem com mulheres, as medidas teriam sido as mesmas e, caso as imagens não fossem divulgadas, nada teria ocorrido. “Você não pode usar esse nome, desgastar”, afirma Rosso. Após o caso, a página do clube no Facebook foi desativada.

Ao Uol Esportes, o presidente do Sport Clube Gaúcho também se mostrou incomodado com a possível rejeição da torcida e suas reações com os atletas assim que eles entrassem em campo. Então, o problema está nos torcedores ou no ato dos jogadores?

De acordo com Giovanna Lucchesi, psicóloga especialista em sexualidade do Instituto Paulista de Sexualidade, a sexualidade dos jogadores é relevante para quem torce pois eles se tornam “referências de comportamento masculino hegemônico”, e os torcedores procuram neles a validação e o modelo a seguir.

Bruno Host, criador do time de futebol Unicorns, formado por homens homossexuais, acredita que, provavelmente, se os jogadores estivesse com mulheres, o caso seria um fofoca, mas não estragaria a carreira deles.

O futebol é um ambiente machista, assim como toda a sociedade. “Contudo, no futebol a homofobia é mais permissiva e naturalizada, sendo a violência uma comunicação presente e incentivada nesse cenário”, diz Giovanna.

Caso Richarlyson. Um dos jogadores mais marcados pela homofobia é Richarlyson. Desde que chegou ao São Paulo, em 2005, o jogador sempre foi estereotipado como gay, mesmo sem nunca ter ‘saído do armário’. Palmeron Mendes, presidente do atual clube do volante, o Guarani, afirma que a carreira de Richarlyson nunca foi afetada por isso. O dirigente exaltou as qualidades do volante e julga sua trajetória como vitoriosa.

Logo que foi apresentado no clube campineiro, dois torcedores jogaram bombas no Brinco de Ouro da Princesa, estádio do Guarani. “Dois bandidos em uma moto soltaram uma bomba no momento da apresentação dele, mas é uma parcela insignificante”, avaliou Mendes.

No mês de abril, Richarlyson esteve no Programa do Porchat e comentou o assunto. “Eles [homens] acham que gay não pode jogar, se não, vai virar a bunda para a bola”, disse o jogador, em tom de brincadeira. Ele criticou as atitudes machistas e homofóbicas, mas evitou falar sobre si.

Gabriela Moreira, repórter da ESPN que recentemente fez um especial sobre a comunidade LGBT no futebol, reforça que, mesmo sem se declarar homossexual, Richarlyson ficou marcado. “Para você ver como é esse território: ele nem se declarou, as pessoas, por acharem isso, já colocam nele uma placa.”

Um jogador pode se assumir gay? Gabriela Moreira avalia que, apesar de as pessoas dizerem que o futebol reflete a sociedade, o esporte ainda é pior e mais retrógrado. “Na sociedade a gente vê vários direitos LGBT sendo respeitados, em todos os campos da sociedade a comunidade LGBT ainda está inserida, apesar da resistência. No futebol, hoje, acho inimaginável que um jogador se assuma homossexual”, opina.

A psicóloga Giovanna pondera que, a sociedade naturaliza a heterossexualidade e discrimina as outras orientações e o mesmo acontece no futebol. “Assim, ao se assumir homossexual, o jogador poderá enfrentar discriminação, violência e desqualificação de suas competências técnicas apenas por sua orientação sexual”, diz.

Na opinião de Bruno Host, ainda é difícil que um jogador se assuma gay e ele entende a dificuldade. “Vai prejudicar ainda, mas é um pouco preciso. Em uma luta, algumas pessoas que tomam a frente sempre levam pedradas, mas a tendência é as pessoas começarem a entender, normalizar, é só uma característica da pessoa.” Gabriela Moreira concorda: “em um primeiro momento poderia ser [prejudicial], mas em um médio prazo esse atleta poderia ganhar com isso, ser um ícone”

Por outro lado, Bruno acredita que, recentemente, a comunidade LGBT conseguiu trazer o assunto à tona. “A gente trouxe isso para um diálogo. Agora o LGBT parou de se esconder, vai começar agora [a se assumir]”.

Estádios hostis e o grito de ‘bicha’. O xingamento mais comum nos estádios é ‘bicha’, entoado sempre quando o goleiro adversário bate o tiro de meta. Apesar de a Fifa já ter ameaçado punir o Brasil pelos gritos homofóbicos e torcidas organizadas terem repudiado o ato, ainda é comum ouvir.

Giovanna explica que, além de a masculinidade ser valorizada no futebol, existe também a desqualificação de qualquer ‘outro modo de ser homem’. “Torna-se mais masculino ao questionar a masculinidade do outro”, diz a psicóloga. “A forma mais vulgar de agredir um adversário, no futebol é questionando sua heterossexualidade.”

Os gritos homofóbicos tornam os estádios ambientes hostis para os homossexuais. Gabriela, durante a produção de sua reportagem, conversou com torcedores que costumam assistir aos jogos nos estádios, mas fingem ser heterossexuais para não serem alvo de violência. “Não foi difícil encontrar torcedores que são sócio torcedores de seu clube, o que as pessoas não têm é a liberdade”, relata.

Bruno confirma que é algo que todo gay passa: “Quando chegamos em um ambiente novo, nos ‘travestimos’ de hétero. Não que todo gay seja afeminado, a questão é que você fica receoso de mostrar como você é de verdade (…) porque as pessoas têm medo do que pode acontecer com a integridade física delas, isso é um absurdo.”

Essa ‘característica’ do esporte é danosa para todos, na opinião da psicóloga. “Ela não se reduz ao ódio ou rejeição irracional ao homossexuais. É uma manifestação coercitiva que classifica o outro como inferior e anormal, um ataque direto a dignidade humana.”

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