Como falar sobre Arte de modo consistente e racional, sem parecer presunçoso?
Como popularizá-la sem ser piegas ou defender uma tese clichê e pretensamente palatável?
Há quem fale que não existe arte sem ousar, porém, é sabido, há tempos, que nem toda ousadia se estabelece.
Transigir, transgredir, transformar e pronunciar, por vias de fato, sem contratos, por que, Ela, a Arte, é o reflexo do que permanece ao longo da história. Mesmo entre as sociedades mais elementares, não se deixou de produzir arte, como bem assume Stephen Farthing em sua célebre obra, “Tudo sobre Arte”.
Livro de Stephen Farthing: Tudo Sobre Arte –
Os movimentos e as obras mais importantes de todos os tempos.
Em vias legítimas ou em instituições informais, é precedido ao criador a necessidade de diligência frente ao seu papel, pois sua função social, antes de ser assumida, é reconhecida pelo público, cujo interesse trafega pelo sensível e não se estabelece na homogeneidade.
A criação encontra terreno fértil, entre ritos, crises e conflitos de interesses, manifesta-se aos gritos em personas e coletivos, por arquétipos, populares e eruditos, se expressam como uma paralela entre almas afins, com tons amenos ou intensos, telúricos e paliativos, promovendo empatias.
O historiador da arte, Jorge Coli, é prudente ao deliberar sobre o que conduz o estatuto da arte, defendendo de maneira ampla a ideia de que os discursos que determinam o valor do objeto estético são muito mais arbitrários do que um julgamento técnico. Incide sobre o discurso da obra, um sem número de situações conflitantes, que certamente não seriam admitidas em outras searas da vida.
É comum pensar, que cada geração, cultura e civilização, estabeleça seus próprios códigos de linguagem, comunicação e expressão, tudo isto se avoluma em face da polissemia de cada cultura que, por sua vez, desponta suas intenções de modo variável, desta forma, seria incoerente generalizar acerca da função da arte. Sua natureza é plural e por isso, imprecisa.
O artista transforma sua experiência com o mundo em argumento, confirmando a ideia de que a obra é extensão do ser, conduzindo através do seu labor o espectador a generosos caminhos, forjando supranaturezas, estendidas entre o ordinário e o sublime.
Um pouco sobre quem vos fala
Licenciado em Desenho e Plástica pela Escola de Belas Artes da UFBA em 2005. Engelis Oliveria de Jesus, o Feijão, é especialista em Arte e Patrimônio Cultural pela Faculdade São Bento do Salvador e Mestre em Educação pela Universidade de Santiago do Chile.
Atualmente leciona Arte com ênfase em História da Arte em instituições de educação da rede privada, no ensino médio, e na rede municipal ministra aulas de Artes Plásticas para estudantes da educação infantil ao ensino fundamental – I.
Feijão ressalta que é um privilégio poder levar à sala de aula sua habilidade artística, pois garante que ajuda a dinamizar o processo de ensino-aprendizagem, além de transformar o quadro num recurso rico e sedutor para o estudante.
Como artista, Engelis Feijão, acredita que seu trabalho é fruto de experiências diretas, com a cultura urbana soteropolitana em seu modo mais amplo e especificamente, com a afirmação política da religiosidade afro-baiana, amparada na resistência do povo mestiço.
Traços de um povo, 2016.
Traços de um povo: Odoyá! 2014
Tradições Cachoeiranas, 2014
Zé Pelintra, 2015
Engelis Feijão
É artista plástico e arte-educador, natural de Salvador.
Licenciado na Escola de Belas Artes da UFBA, Especialista em Arte e Patrimônio Cultural e Mestre em Educação pela Universidade de Santiago do Chile.