O presidente afastado da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ) renunciou ao cargo nesta quinta-feira (7/7). Ao justificar a sua saída disse que resolveu atender aos pedidos dos colegas em função da falta de prazo para ser definida a sua situação na Casa. O parlamentar é suspeito de manter contas não declaradas na Suíça e de ter mentido sobre a existência delas na CPI da Petrobras. Por causa da acusação, ele é alvo de um processo de cassação por quebra de decoro parlamentar.
Chorando, Cunha abandonou a posição forte de se manter no cargo adotada até então para dizer que sofre e sofreu muitas perseguições. “Estou pagando um alto preço em relação ao impeachment (numa referência à presidente afastada Dilma Rousseff). Quero agradecer a todos que me apoiaram e me apoiam nessa perseguição e vingança de que sou vítima”.
Cunha afirmou, sem citar o nome do presidente interino da Câmara Waldir Maranhão (PP), que “é público e notório que a Casa está acéfala, fruto de uma interinidade bizarra. Somente a minha renúncia poderá por fim à essa instabilidade sem prazo. A Câmara não suportará esperar indefinidamente”, declarou.
Ao ler a sua carta de renúncia, o peemedebista reafirmou que é inocente: “Continuarei a defender a minha inocência, de que falei a verdade”.
Segundo fontes ligadas a Cunha, ele quer um acordo dos líderes para antecipar a eleição da Câmara no início da próxima semana. O nome mais cotado para assumir um eventual mandato-tampão é o do deputado Rogério Rosso (PSD-DF). Porém, ele terá de enfrentar outros candidatos que já manifestaram interesse em disputar a vaga.
Rosso tem experiência em mandato-tampão. Em 2010, ele foi eleito, pela Câmara Legislativa, governador do Distrito Federal, assumindo o comando do Palácio do Buriti em pleno escândalo da Caixa de Pandora.
A decisão de deixar o cargo em definitivo teria ocorrido na noite de quarta (6), após a divulgação do voto de Ronaldo Fonseca (Pros-DF) na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que acatou apenas um dos 16 questionamentos de Cunha à tramitação de seu processo no Conselho de Ética, que recomendou a cassação de seu mandato.
Com a renúncia à Presidência da Câmara, Cunha acredita que pode tentar reverter votos na CCJ para fazer o caso voltar ao Conselho de Ética e, quem sabe, salvar seu mandato. (Com informações de O Globo e Folha de S. Paulo)