O que era para ser apenas mais um dia tranquilo ao lado da família se tornou a data em que o aposentado Jorge Lino Neves nunca vai esquecer. Foi naquela quinta-feira de 2015, após comer o costumeiro cozido no bairro de Itapuã, que ele descobriu que estava com câncer no fígado. Se o diagnóstico já era preocupante, os detalhes revelados pelo exame de ressonância magnética viriam para assustá-lo ainda mais: eram 11 nódulos, que mediam mais de 5 cm cada um.
Alarmado pelo médico plantonista do Hospital Aeroporto, Jorge buscou tratamento o quanto antes e, com toda vontade de viver que carrega consigo, encontrou na radiologia intervencionista a cura para o que parecia incurável. Ele, que nunca havia sentido nada diferente, iniciava ali a corrida para sobreviver.
“Um cara forte como eu, que sempre estava trabalhando e não sentia nenhuma dor estranha, me vi entrando na fila lá de cima”, conta ele, bem humorado até para falar da morte. “Eu tomava minha cervejinha de vez em quando, mas nunca bebi muito. Então, quando passei mal depois de comer o cozido, achei que a culpa era do cozido. Cheguei em casa nauseado, com vontade de vomitar, e, por insistência da minha esposa, segui para o hospital, mas, mesmo lá, imaginei que o pior que poderia me acontecer era estar com gordura no fígado”, lembra.
Com a confirmação do câncer, Jorge começou a ser atendido pelo radiologista Gustavo Domingues, que solicitou a internação imediata dele para dar início às sessões de quimioembolização hepática – técnica minimamente invasiva indicada para tratamento dos tumores de fígado. “Realizo esse tipo de procedimento cotidianamente, mas sabia que o caso de Jorge iria me desafiar, pois o fígado dele estava todo comprometido. Chamei a família dele e disse que faria de tudo para salvá-lo, mas deixei claro que o estado dele era crítico”, diz.
Coordenador médico da RadioClinic – empresa baiana de radiologia intervencionista –, Gustavo realizou cerca de cinco quimioembolizações em Jorge. Pouco tempo após o tratamento, o aposentado já havia recuperado o peso e estava de volta à jardinagem e aos exercícios físicos.
“Estou bem controlado e os exames confirmam isso de três em três meses. Dr. Gustavo se tornou um amigo, tanto é que o indiquei para o amigo de meu irmão, que passou por uma situação parecida com a minha”, acrescenta Jorge Lino.
O amigo do irmão, César Guimarães, também foi diagnosticado com câncer no fígado e o seu tratamento foi realizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), no Hospital Geral Roberto Santos. “O tratamento de quimioembolização do meu marido, que já está com 74 anos de idade, foi maravilhoso. Vi profissionais dedicados”, afirma Lúcia, esposa de César.
Apesar do sucesso em ambos os casos, Gustavo Domingues ressalta a importância da prevenção, haja vista que as consultas e exames de rotina tendem a apontar o câncer ainda em estágio inicial. “A probabilidade de cura é muito mais alta antes da doença avançar”, afirma ele, que completa: “no estágio inicial, é possível também que o paciente se submeta a um número menor de sessões de quimioembolização”.
A quimioembolização – conforme explica o radiologista intervencionista – consiste em introduzir no paciente um cateter, que é conduzido por dentro das artérias, até alcançar os vasos do fígado. Quando já está próximo ao tumor, são injetadas micropartículas carregadas de quimioterápico.
“As micropartículas são responsáveis, ainda, por fechar os vasos sanguíneos que nutrem o tumor. A ação impossibilita o sangue de levar nutriente e oxigênio para as células tumorais”, detalha ele.
Graças à alta tecnologia da técnica, o tamanho do tumor pode ser reduzido sem efeitos colaterais do quimioterápico (como a queda do cabelo). Isso ocorre porque o tratamento é local, propiciando ao paciente menor tempo de internação e melhor qualidade de vida.
