Fragmentos de óleo voltaram a aparecer em Praia do Forte, um dos principais destinos turísticos da Bahia, neste domingo (03/11). De acordo com o banhistas em contato com o Informe Baiano, a água não aparentava ter óleo, mas ao sair várias pessoas estavam sujam com o material. Veja abaixo no vídeo.
Um conjunto de orientações sobre os riscos do contato com as manchas de óleo foi divulgado pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). As recomendações visam contribuir para evitar problemas de saúde relacionados à pele. Mais de 300 localidades já foram atingidas.
Segundo a médica dermatologista e membro da SBD Rosana Lazzarini, os cuidados são necessários, pois o contato com o óleo é perigoso e muitas vezes as medidas para lidar com ele e retirá-lo do corpo empregadas pelos voluntários podem aprofundar os efeitos negativos sobre a saúde.
“É preciso evitar o máximo possível o contato com o óleo. E uma coisa muito importante é não usar os solventes para tirar este óleo, que é a tendência mais natural. Pessoas podem correr atrás de uma querosene, ou mesmo gasolina, para tirar o óleo. Isso acaba piorando a situação”, explicou Rosana Lazzarini.
Outra preocupação da SBD é com o uso de luvas de borracha por quem toca o óleo. Embora o contato em si deva ser evitado, caso ele ocorra devem ser utilizados equipamentos de outro material, como nitrila.
A médica reforçou que essas recomendações são importantes dada a quantidade de pessoas que manejaram a substância nas últimas semanas.
“Pessoas não pensam muito nos danos que podem ter. A SBD está preocupada em como a população está entrando em contato com isso, sem proteção nenhuma ou com proteção ineficaz”, acrescentou.
Recomendações médicas
Pessoas com dúvida sobre o tema podem recorrer ao Centro de Informações Toxicológicas do Ministério da Saúde, pelo telefone 0800 722 6001. Veja abaixo as recomendações da Sociedade Brasileira de Dermatologia:
Como se preparar para atuar na limpeza das praias?
Se houver a necessidade de contato com o óleo derramado nas praias, utilize equipamentos de proteção, como óculos, luvas e roupas que cobrem membros superiores e inferiores (mangas compridas e calças).
As luvas mais apropriadas são as de nitrila – ao invés das de borracha – , pois apresentam melhor proteção contra óleos, graxas e petróleo. A lavagem imediata após o contato é importante, embora nessas situações nem sempre seja possível.
E se a pele entrar em contato com o óleo cru?
Caso, mesmo com uso de roupas adequadas, ocorra o contato com a pele ela deve ser lavada com água e sabão.
A aplicação de óleos para bebês, geleia de vaselina ou até mesmo pastas utilizadas por metalúrgicos para remover óleos e graxas facilita a remoção dos resquícios de óleo.
Após a remoção, a aplicação de cremes ou loções hidratantes é importante para melhorar as condições da pele.
Não tente retirar o óleo com o uso de solventes (aguarrás, thinner, óleo diesel, querosene ou gasolina). O efeito do contato com esses produtos aumenta o processo irritativo, piorando a dermatite de contato.
Quais ações de prevenção?
Evite o contato direto com o óleo, especialmente gestantes e crianças.
Observe as orientações da vigilância sanitária para o consumo de alimentos, como peixes e mariscos, provenientes das áreas afetadas.
Não inale vapores gerados pelo óleo.
Use protetor solar de amplo espectro, com FPS de no mínimo 30.
Em caso de contato com óleo cru, quais os sintomas?
Na fase aguda as reações mais comuns são:
Sintomas respiratórios, como: irritação e dor de garganta, tosse, respiração mais difícil e coriza
Irritação e dor nos olhos, coceira e olhos vermelhos
Dor de cabeça
Pele irritada e vermelha
Náusea
Tonturas
Fadiga
Ferimentos e traumas
Mais de 4 mil toneladas retiradas
Desde o início do aparecimento de manchas de óleo nas praias nordestinas, mais de 4 mil toneladas de resíduos já foram retirados, conforme o Grupo de Acompanhamento e Avaliação (GAA), formado pela Marinha do Brasil (MB), Agência Nacional de Petróleo (ANP) e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). O descarte desse material é feito pelas secretarias de Meio Ambiente dos estados.
O marco zero da mancha de óleo que atinge as praias do Nordeste brasileiro desde o início de setembro foi localizado entre os dias 23 e 24 de outubro. A mancha original tinha 200 quilômetros de extensão e estava a pouco mais de 700 quilômetros da costa brasileira. O mapeamento do local exato onde o vazamento começou foi feito pela empresa Hex Tecnologias Geoespaciais.