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Informe Baiano
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Comunidades locais protegem tartarugas que desovam na costa brasileira

Fotos: Fernando Frazão

Mobilizar as comunidades litorâneas do país onde ocorrem desova das tartarugas marinhas é uma das frentes prioritárias do trabalho desenvolvido pelo Projeto Tamar. Foi com esta estratégia que a entidade conseguiu reverter a tendência de redução das populações das cinco espécies de ocorrência no país. Embora ainda estejam todas ameaçadas de extinção, uma melhora do quadro já foi confirmada em pesquisas e está associada à transformação de hábitos humanos e à parceria com pescadores e outros profissionais.

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Seu Antônio, tartarugueiro que acompanha há mais de 30 anos o Projeto Tamar, que comemora marca de 40 milhões de tartarugas marinhas protegidas e devolvidas ao oceano.

O Projeto Tamar deu início, neste fim de semana, às celebrações de seus 40 anos e Antônio Vieira viveu mais de 30 deles trabalhando na unidade da Praia do Forte, em Mata de São João (BA), a cerca de 80 quilômetros de Salvador. Ele é um tartarugueiro, nome que se dá aos profissionais que participam do mapeamento dos ninhos de tartaruga. Antes de descobrir a nova atividade, ele era pescador e confessa: embora não fosse o foco, era comum que tartarugas fossem capturadas e, quando isso ocorria, o animal virava alimento.

“A gente comia. Naquele tempo não existia Ibama [Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis] e não tinha fiscalização nenhuma”, diz. Hoje, segundo ele, a realidade é outra: “Continuam ficando presas nas redes, não tem jeito. Mas quando elas ainda estão vivas, os pescadores soltam. Ninguém mata mais.”

Com atuação em 25 localidades da costa brasileira, o Projeto Tamar gera 1,8 mil oportunidades de trabalho, dos quais cerca de 700 são empregos diretos com carteira assinada. A maior parte desses contratados, como Seu Antônio, são pessoas das próprias comunidades. Além de cumprirem suas tarefas no projeto, eles funcionam como educadores ambientais, pois espalham a mensagem entre os moradores. Quem continuou vivendo da pesca absorve os ensinamentos e muitos colaboram voluntariamente com o trabalho.

“O pescador é quem mais entende de praia. Ele sabe onde estão os animais. Então trazer ele pra conservação foi fundamental. E são multiplicadores da mensagem. Eles a reproduzem para suas famílias. As novas gerações de pescadores estão cada vez mais conscientes”, diz o biólogo do projeto Claudemar Santana, conhecido como Mazinho.

A oceanógrafa Neca Marcovaldi, coordenadora de pesquisa e conservação do Projeto Tamar e uma das fundadoras da iniciativa, cita o impacto econômico que a conservação produz nas comunidades. “Antes viam das tartarugas como possibilidade de subsistência. Hoje, passaram a vê-las como oportunidade de emprego e de desenvolvimento local”, explica.

Na Praia da Forte, o trabalho de conservação transformou a economia das comunidades que viram novas oportunidades se abrirem a partir da atração de turistas. O Museu do Tamar sediado no local está entre os cinco museus mais visitados do Nordeste. O próprio projeto também estimulou outras vocações econômicas nas regiões onde está instalado.

“Com o tempo, nós fomos trabalhando com as mulheres dos pescadores fazendo confecções que hoje são as camisetas vendidas nas nossas lojas. Há locais, por exemplo, onde tradicionalmente as mulheres trabalhavam com bordado. E essa produção se estruturou em uma teia de funcionamento”, diz Neca.

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Pé na areia

Antônio conta que sua rotina de tartarugueiro é acordar por volta de 3h30 da manhã e percorrer sete quilômetros diariamente pelas praias em busca dos ninhos. Os ovos ficam enterrados na areia e para achá-los é preciso buscar os rastros deixados pelas tartarugas que já nasceram e de dirigiram ao mar. Considerado um dos mais eficazes neste mapeamento, Antonio não troca a atual profissão pela pesca. “O que eu faço hoje é muito melhor. A gente se emociona e emociona muitas pessoas”.

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Após encontrar o ninho, se houver filhotinhos, alguns são recolhidos para identificação da espécie e posterior soltura. O número de ovos já quebrados também são contados. Se há ovos ainda fechados, é fixada uma estaca informativa. Graças ao trabalho de conscientização, isso já é suficiente para que a comunidade entenda a necessidade de preservar aquela área.

“O trabalho educativo é fundamental. Tem que estar na praia. Estão cada vez melhores as ferramentas de pesquisas, que nos ajudam muito, mas o pé na areia é insubstituível. Não adianta ficar só no escritório”, diz Neca. Segundo a oceanógrafa, há outros projetos robustos em países como Estados Unidos e Austrália. No entanto, uma diferença que fez o Tamar ser reconhecido internacionalmente foi ter dado atenção inicial à ação social envolvendo comunidades. A pesquisa científica ganhou mais relevância somente em um segundo momento.

Nas comunidades onde o Tamar atua, informações científicas sobre as tartarugas estão disseminadas entre a população. Sabe-se, por exemplo, que a fêmea desova de três a sete vezes em cada período reprodutivo. Em cada ninhada, ela coloca cerca de 120 ovos. O número parece alto, mas de cada mil tartarugas que nascem, apenas uma chega à fase madura, iniciada por volta dos 30 anos.

“O conhecimento é transformador. Comer ovos e carne de tartaruga fazia parte da subsistência. Meus avós falavam que não tinham muita opção. Tartaruga não era o principal prato, mas se fazia sopa com o animal, se comia a carne. Mas hoje se sabe que são 30 anos para chegar a fase adulta e depois de todo esse tempo ela só alimenta uma família em uma refeição. Acho que quando explicamos isso aos pescadores, começaram a ver com outros olhos”, diz o biólogo Mazinho.

De aprendiz infantil a biólogo

O próprio Mazinho também é fruto de um trabalho comunitário. O projeto Tamarzinhos, criado na Praia do Forte em 1995, oferece formação a crianças e adolescentes nativos. “Em meados de 2001, eu fiquei sabendo que o Tamar estava formando turmas com crianças. E era bem concorrido porque é uma vila pequena, com poucas alternativas, com ensino ainda precário. Então qualquer coisa a mais, atraía muito interesse. Quando eu entrei, com 13 anos, não sabia nada de biologia”, conta.

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De aprendiz, ele virou estagiário. De estagiário, ele conseguiu apoio para cursar biologia no ensino superior. Quando voltou, foi contratado. “Deixei o emocional me tocar e foi tudo sem planejamento nenhum. Fui deixando me levar. E tenho hoje o estilo de vida que eu curto. Pé na areia, contato com o mar, com a natureza, com as pessoas. E, sobretudo, encantando pessoas com uma história viva, que é essa história de conservação em favor da natureza”.

Mazinho foi um dos primeiros de sua família a ingressar na universidade e seu exemplo inspirou seu irmão a seguir o mesmo rumo. Ele também atua hoje como biólogo no Tamar. Para Neca, o projeto Tamarzinhos mostra a crianças e adolescentes uma perspectiva de futuro.

“Eles percebem que têm possibilidade de serem biólogos, pedagogos, administradores. E dentro da nossa escala do que é possível oferecer, algumas delas têm o nosso apoio e vão para as universidades. Muitos hoje estão em posição estratégica, coordenando tarefas nas quais participaram no passado como aprendizes e coordenados”.

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