Estudantes do curso de medicina da União Metropolitana de Educação e Cultura (Unime), do campus de Lauro de Freitas, denunciaram ao Informe Baiano, nesta quarta-feira (10/03), “ilegitimidades e irregularidades da instituição” que, segundo os alunos, “programou a aplicação das provas presenciais no pico da pandemia, no dia 16 de março, próxima segunda-feira”.
“Apesar de terem informado a disponibilização de 14 laboratórios de informática, os alunos estarão aglomerados em salas fechadas. Além disso, muitos deles estão em outros Estados, o que os expõem indiretamente ao contágio da Covid-19 para realização de atividade não essencial à vida”, denunciou uma discente, que pediu anonimato, pois teme represálias.
Os estudantes agora querem a realização da prova de forma online.
“As provas devem ser realizadas de modo periódico e pedagogicamente se configura uma medida ilegítima de realizar a avaliação de um conteúdo sem data prevista e a perder de vista. A Unime se comunica com os alunos de maneira informal, através de recados pelos ‘líderes das turmas’ via grupos de WhatsApp. E o contato com o coordenador é obstaculizado constantemente”, acrescentou.
Em nota, a faculdade confirmou que realizará a prova presencial.
“A Unime Lauro de Freitas esclarece que realizará a prova presencial para o curso de medicina seguindo os mais rigorosos protocolos de segurança, higienização, medidas de proteção e distanciamento, conforme recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e das Secretarias Estadual e Municipal de Saúde. Todas as diretrizes das autoridades de saúde e dos órgãos governamentais estão sendo respeitadas. A Unime Lauro de Freitas reafirma que não medirá esforços para adoção das melhores práticas educacionais e permanece à disposição para sanar quaisquer dúvidas adicionais”, diz o comunicado oficial.
A faculdade, acrescentou em novo posicionamento enviado após a publicação da reportagem, às 19h37, que as provas presenciais só serão aplicadas “quando o decreto liberar a retomada das atividades”.
Consultado pelos estudantes e também pelo Informe Baiano, o advogado especializado em Direito Civil, Sergio Regis, lembrou que há um decreto municipal sobre medidas restritivas em vigor até o dia 15 e que deve ser prorrogado. Além disso, conforme o defensor, independente da prorrogação, as escolas continuam impedidas de funcionar presencialmente, pois há decretos específicos sobre o tema, tanto do governo estadual, como da prefeitura de Lauro de Freitas. Portanto, a faculdade só pode funcionar se a prefeitura revogar todos os decretos.
“Por um princípio de cautela não é prudente que a Unime queira retomar as atividades presenciais em um cenário de crescimento do contágio da Covid-19 evidenciado na falta de leitos hospitares nas redes pública e privada, o que deve ensejar a renovação dos decretos restritivos a cerca da matéria”, pontuou Regis.
“A gente pode até dizer que é uma atitude que não está respeitando a integridade física dos alunos e funcionários. Inclusive, comprovado que uma pessoa venha a se contaminar dentro da instituição, a Unime pode responder civilmente pela conduta contrária as normas sanitárias”, concluiu o advogado Sergio Regis.