A delação da desembargadora Sandra Inês Rusciolleli e de seu filho, o advogado Vasco Rusciolleli, homologada pelo ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Og Fernandes, em junho deste ano, citou o senador Angelo Coronel (PSD) e também o deputado federal Ronaldo Carletto (PP), que teria negociado o pagamento de propina ao também desembargador Maurício Kertzman.
Ao todo, a delação cita 12 desembargadores do TJ baiano, 12 juízes, 15 advogados, 15 parentes dos envolvidos, e 16 pessoas entre servidores públicos e políticos.
O acordo faz parte da Operação Faroeste, que desde 2019 investiga membros do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) num suposto esquema de venda de sentenças, formação de quadrilha, grilagens de terra na região oeste, dentre outros crimes.
O relato afirma que o parlamentar teria “comprado” uma decisão favorável ao aplicativo de mobilidade ITMov Brasil, que é uma espécie de “Uber” local.
O documento diz ainda que Carletto foi levado ao gabinete de Sandra Inês para ajustar o valor da propina e o parlamentar teria sido procurado pelo advogado Júlio César Cavalcanti Ferreira.
O documento relata que a estrutura criminosa tinha braços institucionais, a exemplo do ex-secretário de Segurança Pública da Bahia Maurício Barbosa que, segundo a magistrada e seu filho, servia como instrumento de coação contra quem contrariasse os interesses da organização criminosa.
Senador Coronel
Atual senador do PSD baiano e presidente da CPMI das Fake News, Ângelo Coronel, segundo o documento, enquanto era deputado estadual pela Bahia, teria coagido produtores rurais, e que na época “comentou-se abertamente no TJ-BA que ele tinha recebido uma aeronave como pagamento pela sua atuação”. O senador informou que vai entrar na Justiça contra a delatora por calúnia e difamação.