O Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (CISA) aponta que 17,1% dos homens brasileiros sofrem com dependência alcoólica. Entre as mulheres, o número é de 5,7% das brasileiras. Esses percentuais representam mais de 20 milhões de pessoas que apresentam alguma dimensão de perda do controle sobre o uso do álcool. No Dia Nacional do Homem, celebrado nesta sexta-feira (19/11), o psicólogo Ciro Arão chama atenção para o impacto significativo da substância sobre a saúde mental dos brasileiros.
O profissional da Elpis, clínica especializada em serviço interdisciplinar de saúde mental para tratamento das adições em Salvador, explica que a taxa de problemas com álcool é maior entre os homens por questões históricas e sociais, além das peculiaridades biológicas. Ele conta ainda que a presença do álcool de forma massiva e naturalizada dificulta estabelecer quais problemas a dependência da substância causam na saúde mental. Porém, o profissional afirma que o uso da droga repercute em danos individuais e sociais, como problemas clínicos e nas relações domésticas, de vizinhança e com o trabalho.
“O consumo abusivo de álcool vai dando sinais mais claros de seus efeitos ao passo que a gravidade dos sintomas se apresentam. Por razões específicas a esse problema, os sujeitos têm dificuldades em admitir o estado de adoecimento e por consequência, pedir ajuda. Não é a quantidade apenas, mas quando a vida circula em torno do consumo de bebidas, aí podemos ter uma situação de dependência alcoólica”, ressalta o psicólogo.
Quando procurar ajudar
A atenção clínica já se faz necessária quando sinais de abstinência forem percebidos com tremores nas mãos, cãibras constantes ou convulsões e alucinações. Porém, a necessidade de obter uma ajuda profissional também é percebida quando pessoas próximas reclamam constantemente do modo de beber, além da percepção de uma dependência do álcool para um melhor desempenho ou para se sentir mais equilibrado.
“O momento de buscar ajuda é todo e qualquer momento quando a qualidade de vida é impactada. Caso a pessoa alcoolista não possa ainda aceitar a sugestão de se cuidar, o que é observado em geral na atenção à saúde do homem e mais ainda no alcoolismo, cabe a cada um que se vê afetado por essa situação buscar o cuidado para si”, conta Ciro Arão.
O tratamento para dependência alcoólica deve ser multiprofissional e em instituições com equipes preparadas. Neste processo, se observa não só a saúde mental, mas também as repercussões do consumo de álcool no organismo como um todo. “O cuidado integral é condição para a superação do estado inicial de dependência em direção à responsabilidade e autonomia possíveis a cada um”, finaliza o psicólogo da Elpis.