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Informe Baiano
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Polícia Militar canta parabéns para as crianças, mas as comunidades continuam com medo

José Carlos Teixeira*

“O medo é uma faca que corta com o cabo
e não com a lâmina. A gente empunha a faca
e, quanto maior o pulso, mais nos cortamos.”
(Mia Couto, O Assalto)

Quando a primeira viatura dobra a esquina, com as luzes e a sirene do giroflex ligado, as crianças que brincam no meio da estreita rua correm para suas casas. Algumas, mais corajosas, ficam observando a aproximação do veículo pela porta semiaberta. À entrada da segunda viatura, também com o giroflex ligado, os poucos adultos que estavam na rua também se recolhem, buscando proteção atrás de portas e janelas fechadas.

Apenas uma criança permanece na calçada em frente à casa, quase no fim da rua que ficou estranhamente deserta, embora ainda seja quatro horas da tarde. Ela parece não ter medo e antes mesmo de ver os carros de polícia, alertada pelo barulho das sirenes, começa a dar pequenos pulos de alegria.

É uma menina, que veste uma roupa semelhante à farda dos policiais, usa uma boina como eles e segura um pequeno cassetete, com o qual, momentos antes, marcava, balançando, as passadas impacientes, andando pela calçada para lá e para cá, aguardando.

Os dois veículos da PM param em frente à casa e os policiais desembarcam, embalados, segurando as armas. Com um enorme sorriso no rosto, a menina corre para recebê-los. É o aniversário dela e os policiais são seus únicos convidados para a festa.

Na sala modesta, ornamentada para a festa, os policiais colocam-se em volta da mesa, cercando a aniversariante, que olha feliz para o enorme bolo encimado por quatro velinhas. Eles não largam as pesadas armas, nem mesmo na hora de cantar os parabéns. A aniversariante ganha presentes e ainda é convidada a dar uma pequena volta em uma das viaturas policiais com o giroflex ligado.

Cenas como esta têm-se repetido em bairros da periferia da capital e em algumas cidades do interior da Bahia. As fotos dos pequenos aniversariantes entre os soldados armados circulam nas redes sociais. Sempre acompanhadas de textos explicando que os militares foram convidados pelas próprias crianças, que os têm como heróis e sonham ser iguais a eles no futuro.

Diz-se que são ações do chamado marketing de relacionamento. O propósito é óbvio: despertar simpatia nas comunidades, normalmente arredias à polícia. Arredias, aliás, diz muito pouco. Na verdade, o que prevalece é temor. Elas têm medo da polícia, temem ser apanhadas em meio a uma operação policial.

O ritual encenado, com os parabéns, o bolo, os presentes, as crianças vestidas com fardas iguais às usadas pelos policiais, tudo isso é muito pouco para levar as comunidades a romper o círculo de medo que a presença da polícia gera entre os moradores dos bairros periféricos. A maioria deles tem medo até mesmo quando estão dentro de suas próprias casas, com as portas e janelas fechadas.

Há motivos: a polícia baiana ocupa uma das primeiras posições no ranking nacional de letalidade. É uma das que mais matam no país. Em 2019, foram 773 mortes no Estado decorrentes de intervenções de policiais civis e militares em serviço, segundo levantamento feito pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

No ano seguinte, o número de mortes saltou para 1.137. Este ano, nos dois primeiros meses, foram 104 mortes resultantes de operações policiais, somente na Região Metropolitana de Salvador e nos municípios com mais de 100 mil habitantes, de acordo com um levantamento feito pela organização não-governamental Ideas Assessoria Popular, com base em pesquisa nos veículos de imprensa.

Os números demonstram claramente que a política de segurança do governo estadual é baseada no princípio de que o controle da criminalidade só pode ser alcançado mediante o extermínio de criminosos. Simplificando: para o governo da Bahia, bandido bom é bandido morto.

Uma premissa que causa reação até mesmo entre militantes do PT, por contrariar valores civilizatórios caros ao partido, e é rechaçada pelos especialistas em segurança pública, para os quais a elevada letalidade da ação policial retroalimenta a violência.

Sem falar no fato de que a postura mais agressiva da polícia no patrulhamento ostensivo, inevitavelmente faz crescer o risco de abusos por parte dos policiais contra os cidadãos – aí a gênese do temor, que festinha de aniversário nenhuma vai extinguir.

*José Carlos Teixeira é jornalista, graduado em comunicação social pela Universidade Federal da Bahia e pós-graduado em marketing político pela Universidade Católica do Salvador.

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