O deputado baiano José Carlos Araújo (PR) que preside o Conselho de Ética da Câmara Federal decidiu que vai pagar do próprio bolso passagens de testemunhas contra Eduardo Cunha. Nesta terça, 14h, ele vai ouvir o lobista Fernando Baiano, preso da Operação Lava-Jato, e seu advogado. A assessoria do parlamentar divulgou nota sobre o assunto. “O presidente do Conselho de Ética vai aguardar o posicionamento da Presidência da Câmara com relação ao pedido feito no dia 14 de abril, para a compra das passagens de Fernando Baiano e seu advogado até segunda-feira (25) ao meio-dia. Caso não haja resposta da presidência, o presidente vai arcar os custos das passagens e manter a oitiva marcada para a próxima terça-feira (26), às 14h”.
Na noite de terça-feira, a questão de ordem aprovada pela Mesa Diretora da Câmara recomendou que não fossem apurados possíveis crimes de Eduardo Cunha apurados pela Lava-Jato. Em cima dessa questão de ordem, o presidente da Casa – que é o investigado no Conselho de Ética – decidiu que não daria a verba para as passagens, já que as testemunhas não estariam previstas. Pela questão de ordem, Cunha só responderá por ter mentido à CPI da Petrobras sobre a existência de ter contas no exterior.
No entanto, o presidente do Conselho de Ética apontou a aprovação da questão de ordem como uma “intervenção” de Cunha no processo.
– Diante dessa decisão fica clara mais uma vez a intervenção do Presidente da Câmara no Conselho de Ética. No entanto, as testemunhas estão mantidas, e o processo continuará sem limitações. Vê-se que há um interesse evidente em limitar o trabalho e o parlamentar investigado responda apenas pelo fato ter mentido à CPI da Petrobrás. Imagine que você está investigando um homicídio e descubra que o suspeito cometeu outros três homicídios antes em outra localidade. Você deixa de apurar os homicídios?
Na quarta-feira, dia 27, o Conselho de Ética vai ouvir, em Curitiba, o lobista João Augusto Henriques, preso em setembro pela Operação Lava-Jato. Para esta viagem, segundo o deputado José Carlos Araujo, a verba usada será a normalmente usada pelos deputados em missão fora de Brasília.