Um juiz federal americano, nomeado por Donald Trump, decidiu na última sexta-feira suspender a autorização para comercializar a mifepristona (RU 486), uma das duas pílulas utilizadas para o aborto nos Estados Unidos. A sentença, na prática, impede a prescrição do medicamento. De acordo com a decisão do magistrado Matthew Kacsmaryk, do Texas, “suspende-se a aprovação da mifepristona concedida pela FDA (agência de medicamentos americana)”.
O juiz é conhecido por sua oposição pessoal ao aborto e sua decisão foi promovida por setores conservadores do país. Autoridades federais terão uma semana para recorrer da medida. A decisão da suspensão da autorização teve rápida resposta da Casa Branca, e coloca a questão dos direitos reprodutivos de volta aos holofotes antes das eleições presidenciais de 2024. Biden emitiu um comunicado dizendo que “é o próximo grande passo em direção à proibição nacional do aborto que os eleitos republicanos prometeram tornar lei na América”.
A mifepristona é usada nas primeiras 10 semanas de gravidez e tem um longo histórico de segurança. A FDA estima que 5,6 milhões de americanas tenham recorrido ao medicamento desde a sua aprovação nos anos 2000. Com o recurso, a decisão será revisada por uma Corte de Apelações de Nova Orleans, conhecida por seu conservadorismo, e espera-se que o caso chegue à Suprema Corte dos Estados Unidos, que, desde que foi renovada por Donald Trump, conta com seis juízes conservadores de um total de nove.