“Será que a solução é exterminar
Herodes não morreu
E hoje em dia está pior”
(Futuro do País, de Rafael
Crespo e Marcelo D2)
Nesta quinta-feira, 28, a Igreja Católica celebrou a Festa dos Santos Inocentes, em memória das crianças que foram assassinadas na Galileia por ordem do rei Herodes. O massacre objetivava matar Jesus, depois que os três reis magos disseram a Herodes que naqueles dias nascera uma criança que se tornaria o Rei dos Judeus. Jesus escapou porque, avisados por um anjo, José e Maria fugiram para o Egito levando o filho recém-nascido.
Em Salvador, a celebração incluiu missa na Igreja da Santíssima Trindade, presidida pelo arcebispo de Salvador e primaz do Brasil, Cardeal Dom Sergio da Rocha. Organizada pela Pastoral do Menor, a celebração recorda também as crianças e os jovens vítimas da crescente onda de violência que atinge a Bahia. Segundo o Instituto Fogo Cruzado, este ano, até a primeira quinzena de novembro mais de 50 crianças e adolescentes foram vítimas de arma de fogo no Estado.
Coincidentemente, no dia anterior, o Ministério da Justiça e Segurança Pública abrira para consulta pública a Plataforma Sinesp, que reúne na internet os dados nacionais de segurança pública. Nela, estão consolidados os números da violência no país, distribuídos em diversos indicadores, como homicídios dolosos, latrocínios, feminicídios, lesões corporais seguidas de morte e mortes por intervenção de agente do estado, entre outros.
Por enquanto, estão consolidados apenas os dados referentes ao período de janeiro a outubro deste ano. Os números, porém, já são suficientes para manter a Bahia no topo do ranking em diversos indicadores negativos da segurança pública.
De acordo com os dados oficiais do Ministério, a Bahia deverá registrar um pequeno decréscimo no número de homicídios dolosos em 2023, mas mesmo assim seguirá na liderança, em números absolutos. Até outubro, o Estado já registrava 3.895 casos de homicídio doloso (nos doze meses do ano passado, foram 4.936), à frente do Rio de Janeiro, segundo colocado no ranking, com 3.344 casos
A Bahia deverá seguir também como campeã absoluta de letalidade policial. De janeiro a outubro, 1.410 pessoas morreram em operações da polícia baiana (nos doze meses do ano passado foram 1.468). No Rio de Janeiro, segundo colocado no ranking, as intervenções policiais resultaram em 770 pessoas mortas no mesmo período.
O balanço completo do ano só deverá ser divulgado pelo Ministério da Justiça na segunda quinzena de janeiro. Mas os números conhecidos até agora mostram que sai governo, entra governo e o problema continua.