Nesta segunda-feira (29), a Polícia Federal deu continuidade a uma operação para investigar o suposto monitoramento ilegal realizado pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante a gestão de Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor do órgão no governo de Jair Bolsonaro (PL). Entre os alvos desta ação está o vereador carioca Carlos Bolsonaro, filho do ex-presidente.
Conforme apurado pelo Poder360, agentes da PF foram autorizados a cumprir mandados de busca e apreensão na residência de Carlos Bolsonaro e em seu gabinete na Câmara Municipal do Rio de Janeiro. A equipe de reportagem está tentando entrar em contato com o vereador para obter sua perspectiva sobre os acontecimentos.
Carlos Nantes Bolsonaro, nascido em 1982, ocupa o cargo de vereador desde 2001, quando foi eleito aos 17 anos em outubro de 2000, tornando-se o mais jovem vereador da história do Brasil. Ao longo de sua trajetória, ele sempre foi responsável pela estratégia da campanha de Bolsonaro nas redes sociais. Nas eleições de 2022, ele pediu licença não remunerada até a véspera do 1º turno, preferindo trabalhar de forma independente da equipe central.
Na quinta-feira (25.jan.2024), a PF já havia direcionado a operação para o deputado Alexandre Ramagem. Mandados de busca e apreensão foram cumpridos em seu gabinete na Câmara dos Deputados e em outros endereços. A operação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e baseou-se em relatório da PF que apontava uma instrumentalização da Abin sob o comando de Ramagem. O ministro disponibilizou a íntegra da decisão (PDF – 313 kB).
Ramagem chefiou a Abin de julho de 2019 até março de 2022, quando deixou o cargo para concorrer a uma vaga na Câmara. Após as buscas, ele negou ter favorecido a família de Bolsonaro durante sua gestão na agência. Também afirmou nunca ter tido acesso às senhas dos sistemas de espionagem supostamente utilizados pela Abin para monitorar políticos, jornalistas e ministros do STF.
As ações contra Carlos e Ramagem representam uma continuidade das investigações iniciadas em outubro do ano passado. Naquela ocasião, a PF afirmou que a rede de telefonia brasileira havia sido invadida “reiteradas vezes”, utilizando o sistema de geolocalização da Abin, adquirido com recursos públicos. O objetivo seria espionar adversários políticos.