Os mais de três mil banheiros químicos espalhados pela Limpurb nos circuitos e nos carnavais de bairro de Salvador, além de 90 contêineres climatizados, sendo cada um desses com cerca de dez vasos, foram muito úteis para os foliões – e não estou falando apenas das necessidades básicas.
Um funcionário da fiscalização que preferiu não se identificar deu detalhes sobre as coisas que encontravam nos banheiros químicos antes de fazer as limpezas. “Fezes no teto, na parede, em tudo quanto é canto… até um dedo humano achamos”, contou.
O dedo foi encontrado nas unidades da Rua Arthur Neiva, que liga a Avenida Centenário ao morro do Cristo. Como parte da limpeza diária que ocorria todos os dias, entre as 3 da manhã e as 3 da tarde, além de lavar os equipamentos, os funcionários usam uma maquina de sucção para retirar todos os resíduos. O pedaço da mão foi sugado junto.
“Era cortado perfeito, não pareceu um acidente. Nós que estavamos trabalhando imaginamos que algum traficante deve ter cortado em dívida por droga, porque encontravamos drogas em vários banheiros”, disse a fonte do Informe Baiano.
O mais comum, conforme o fiscal, era o cocô – não o que estava no vaso, mas fora dele. “O pessoal fazia necessidade na mão e passava na parede, eu acho”, recorda.
“Em um dos banheiros, um funcionário me chamou e disse que não ia entrar pra limpar. Fui lá ver o que era e tinham colocado cocô no teto, chega pingava no chão. Como a equipe era treinada e experiente, eles jogaram o jato de água até conseguir limpar, depois prosseguiram com a lavagem normal, com vassoura, produtos, etc”, lembra.
Um dos trabalhadores se gabou por ter encontrado uma nota de R$ 100. O dinheiro, entretanto, estava coberto de um pó branco que visivelmente lembrava cocaína. “O que ele fez com o dinheiro eu já não sei”, responde a fonte do IB.
“Eu me pergunto qual o grau de vício que uma pessoa tem em entrar naquele local, que no final da festa não tem como estar limpo, e no meio daquele cocô todo resolver cheirar cocaína. Só que estranho pensar isso considerando que uma pessoa que simplesmente deixou R$ 100 pra tras”, comenta.
Outra coisa que descobriu, conversando com os funcionários mais antigos, foi o motivo das pessoas deixarem o ‘número 2’ na borda do vaso, entre outros locais. “Quando o vaso está cheio, especialmente de líquidos estranhos, o pessoal tem medo de que as fezes batem na água e os respingos batam de volta, numa espécie de ‘beijo grego dos vermes’. Ai faz em lugares secos, mesmo sendo totalmente impróprios”, contou. Mas acrescentou: “Pelo amor de Deus, não ensina o povo isso não! tem que fazer no vaso!”.
Apesar de toda a sujeira, um homem resolveu dormir dentro de um dos banheiros na segunda-feira de carnaval (12/02). “A foto não mostra, mas tava bem sujo e com papel higiênico até borda. Ele colocou uma sacola em cima de uma bosta e deitou”. O homem foi acordado e a equipe o direcionou para um dos chuveiros disponíveis.
Mais de mil funcionários e 69 veículos, entre caminhões e carros, foram usados durante os dias da folia. Apesar do uso que fizeram, a cada dia os banheiros eram novamente limpos, lavados e higienizados antes de serem entregues à população.
