Aprovação em massa nas escolas estaduais é para melhorar a nota da Bahia no Ideb

“Mamãe eu levei bomba, pela primeira vez
Filhinha, filhinha, filhinha queridinha
Foi francês? Foi português?
Nem sei mamãe, nem sei”
(Mamãe eu levei bomba, marchinha
de Jota Júnior e Oldemar Magalhães)

Nenhuma novidade nessa história da aprovação em massa dos alunos da rede estadual de ensino da Bahia, independentemente da taxa de rendimento que eles venham a obter nos mecanismos tradicionais de avaliação do aprendizado.

Isso já ocorreu antes e sem nenhuma queixa ou reclamação, quer por parte dos professores, quer por parte dos pais de alunos e muito menos dos estudantes – afinal, quem estudou e passou de ano sabia muito bem porque foi aprovado; e quem não estudou e mesmo assim foi aprovado, também não teve motivo para reclamar.

Novidade é a aprovação em massa dos estudantes ser defendida pelo governador do Estado, de própria voz, e a manobra ser contestada pela APLB, o poderoso e até então silente sindicato dos professores, controlado pelo PCdoB e sempre dócil aos interesses do governo – nos corredores da Assembleia, fala-se que a rebeldia sindical tem a ver com a disputa por uma cadeira no Tribunal de Contas dos Municípios, que teria sido prometida aos comunistas em um acordo não cumprido pelo governo, mas isso deve ser invencionice da oposição.

Nos anos letivos de 2020 e 2021, em plena pandemia de covid 19, com alunos e professores enfrentando os problemas decorrentes da maior crise sanitária e de saúde vivida pelo mundo, a ordem foi aprovar todo mundo. Com isso, a taxa de aprovação nas escolas de ensino médio da rede estadual de ensino passou de 77,5% em 2019 para 99,24% no ano seguinte. Um espanto! Houve queda em 2021, mas, mesmo assim, a taxa de aprovação ficou num patamar bastante elevado: 89,7%.

O resultado é que, com essa marotagem, a posição da Bahia no ranking do Ideb (o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, que mede a qualidade do ensino no Brasil) referente ao ensino médio, melhorou: passou de 3,2 em 2019 para 3,5 em 2021. Mesmo assim, o Estado ficou na quarta pior posição no ranking, à frente de Rio Grande do Norte (2,8), Pará (3,0) e Amapá (3,1) e ao lado de Maranhão e Alagoas.

Como se sabe, a nota do Ideb é obtida multiplicando-se a taxa de aprovação pela média do desempenho escolar aferido nos exames aplicados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), um órgão do governo federal. Por exemplo: se em uma determinada escola a média obtida pelos alunos nas provas aplicadas pelo Ideb for 6 e a instituição tiver 80% de alunos aprovados, 4,8 será o seu Ideb (6 x 80 = 4,8).

Passada a pandemia de covid, a ordem de aprovação generalizada foi suspensa e a taxa de aprovação voltou ao patamar anterior: no ano passado, apenas 70,4% dos 517.073 alunos do ensino médio matriculados na rede estadual de ensino da Bahia foram aprovados. Os demais, um contingente de 153.053 estudantes, foram reprovados ou simplesmente abandonaram os estudos.

Incapaz de resolver o problema pelo caminho da única e óbvia solução, que é melhorar a qualidade do ensino, o governo decidiu novamente recorrer à marotagem da aprovação em massa. Com isso, poderá até melhorar a nota da Bahia no Ideb, mas não deixa de ser um ato de perversidade, com reflexos terríveis no futuro dos jovens estudantes.

José Carlos Teixeira é jornalista, graduado em comunicação social pela Universidade Federal da Bahia e pós-graduado em marketing político, mídia, comportamento eleitoral e opinião pública pela Universidade Católica do Salvador.

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