No seu discurso inaugural para o ano legislativo, o presidente argentino, Javier Milei, lembrou o país vive “um dos momentos mais críticos da história” após duas décadas de desastre econômico e excessos no gasto público. Diante do Congresso Nacional, criticou a classe política, acusando deputados, senadores, sindicalistas e empresários, entre outros, de terem sustentado um sistema que perpetuou a pobreza enquanto uma elite privilegiada vivia como monarcas. Sob aplausos e gritos de “a casta está com medo”, o presidente anunciou um conjunto de leis “anticasta” que serão submetidas ao Congresso.
“Se não alterarmos fundamentalmente este modelo, a Argentina não terá futuro”, declarou o presidente, detalhando alguns pontos do pacote “anticasta”. Isso inclui a eliminação de aposentadorias privilegiadas para presidentes e vice-presidentes, a exigência de eleições periódicas de autoridades sindicais, supervisionadas pela Justiça eleitoral, com possibilidade de apenas uma reeleição, a proibição de pessoas condenadas por corrupção em segunda instância de disputarem cargos públicos, a proibição do financiamento estatal a partidos políticos, e a consideração da emissão de dinheiro como crime.
Após mais de meia hora de críticas à chamada “casta política”, o presidente convidou todos os partidos a assinarem um pacto no próximo mês de maio, que estabeleça o equilíbrio fiscal como política de Estado, proíba a violação da propriedade privada, e promova uma reforma da Previdência, das leis trabalhistas e uma reforma política, entre outras iniciativas.
“Se a política se juntar a nós, as reformas serão mais duradouras… esta é a nossa proposta na mesa”, afirmou o presidente.
Milei se referiu a líderes como o ex-candidato presidencial Sergio Massa e o deputado Máximo Kirchner como “cavaleiros do fracasso”, e afirmou que a ex-presidente e ex-vice-presidente Cristina Kirchner “é responsável por um dos piores governos da história”.
“O populismo nos levou à loucura, onde o salário mínimo é de US$ 300, depois de ter alcançado US$ 1.800 na década de 90”, concluiu o presidente.