“Marcos, aumenta o som”, pede Joesley Batista. A gravação entre o dono do Grupo J&F e seu executivo Ricardo Saud, que dura 4 horas e 31 minutos, foi obtida pela reportagem do Estadão. Segundo o jornal, ao som da música Farol, da cantora Ivete Sangalo, a dupla fala de planos de adultério, fofocas sobre autoridades e a revela ainda preocupação sobre como cada um ia contar em casa quando a delação que planejavam ficasse pública.
Escutam as notícias da Operação Carne Fraca, e Joesley resolve dar um conselho a Saud sobre como contar à família o que estavam prestes a fazer. “A realidade é: Nós não ‘vai’ ser preso. Vamos fazer tudo, mas nós não vai ser preso”.
Depois, o assunto são as mulheres. “Sabe, eu sou louco por ela, é meu número.” O papo avanço e a voz dos delatores vai mudando de tom. “Nós ‘vai’ acabar virando amigo do Janot (procurador-geral Rodrigo Janot).” Joesley solta a língua e faz mais uma revelação: “Eu ando invocado de comer uma velha por aí. Acho que vou comer umas duas velhinhas de 50. Casadinhas.”
Em seguida, Joesley revela um desafio que fez a um subordinado. Ou ele saía com uma mulher até o domingo próximo ou ele ia “fazer o serviço”. Sexo e corrupção se misturam e Joesley afirma: “Eu já arrumei um ‘viado’ para dar para quem precisa”.
Na gravação, Joesley sugere ao amigo uma tática para se aproximar do então procurador da República Marcelo Miller. “Você quer conquistar o Marcelo? É só começar a chamar esse povo (políticos) de bandido. Ele vai ver que você está do lado dele.”
Joesley revela ainda como revelaria suas “traquinagens” para a mulher, a apresentadora de TV Ticiane Villas-Boas. “Eu tô imaginando, rapaz, o dia que eu tiver de chamar a Tici. No dia eu vou acordar dizendo: ‘Eu quero me separar’. Para passar o dia em crise. ‘Eu não te mereço. Eu não sou o homem certo para você.’ Aí, ela jura que me ama, (e pergunta) ‘por que você está falando isso?’ É que hoje à noite o William Bonner vai dar umas notícias”.
Joesley explica também que não tem raiva de Fábio Cleto, ex-vice-presidente da Caixa, que decidiu delatar o pagamento de propina para a liberação de recursos. “Ele falou a verdade. Não tenho raiva dele.” O empresário se lembra da Bíblia: “É bíblico, a verdade te liberta. Ricardo, eu tô dormindo melhor do que antes”.
Após a entrega do áudio, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, anunciou que vai investigar “omissão” de informações em acordo de delação premiada da JBS. Janot cita “conteúdo gravíssimo” e diz que a investigação pode levar a rescisão do acordo de colaboração.
