A desaprovação ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) alcançou 56% em março, segundo levantamento do instituto Quaest divulgado nesta quarta-feira (2). Trata-se do maior índice registrado desde o início do atual mandato, em janeiro de 2023. Já a aprovação caiu para 41%, uma queda de seis pontos percentuais em comparação com a pesquisa anterior, realizada em janeiro deste ano.
O levantamento foi encomendado pela Genial Investimentos e ouviu 2.004 pessoas entre os dias 27 e 31 de março, em todos os estados brasileiros. A margem de erro é de dois pontos percentuais, com nível de confiança de 95%.
Queda de popularidade atinge todos os segmentos sociais
De acordo com a pesquisa, Lula passou a ser mais desaprovado do que aprovado entre mulheres (53% x 43%), jovens de 16 a 34 anos (64% x 33%) e eleitores pardos (52% x 45%). Além disso, a avaliação do presidente empatou tecnicamente entre os mais pobres (até dois salários mínimos), os católicos e os moradores do Nordeste — grupos que historicamente compõem sua base de apoio.
No Nordeste, por exemplo, a aprovação caiu para 52%, contra 46% de desaprovação. Já no Sudeste, a reprovação disparou para 60%, enquanto a aprovação recuou para 37%. No Sul, 64% dos entrevistados avaliam o governo negativamente. Nas regiões Norte e Centro-Oeste, houve leve oscilação, com desaprovação de 52% e aprovação de 44%.
Entre os homens, 59% reprovam a gestão petista e apenas 39% aprovam. Já entre os idosos com 60 anos ou mais, a avaliação está tecnicamente empatada (50% aprovam e 46% desaprovam).
Educação, renda e religião influenciam na percepção negativa
O nível de escolaridade tem forte correlação com a desaprovação. Entre os que possuem ensino médio completo ou superior incompleto, 64% reprovam o governo. Já entre os que têm ensino superior completo, o índice é de 61%.
Na análise por renda, o presidente registra empate técnico entre os mais pobres (52% aprovam e 45% desaprovam), enquanto a reprovação dispara entre quem recebe entre 2 e 5 salários mínimos (61%) e mais ainda entre os que ganham acima de 5 salários (64%).
A reprovação também subiu entre os católicos, alcançando 49%, mesmo patamar da aprovação. Entre os evangélicos, 67% avaliam negativamente o governo Lula.
Aprovação cai até entre eleitores que votaram em Lula em 2022
Entre os eleitores que votaram em Lula no segundo turno das eleições de 2022, a aprovação caiu de 81% em janeiro para 72% em março. A desaprovação nesse grupo subiu para 26%. Já entre os eleitores de Jair Bolsonaro (PL), 92% desaprovam o governo atual.
Avaliação do governo e percepção econômica pioram
A percepção geral do governo Lula também se deteriorou. Para 41% dos entrevistados, o governo é negativo — aumento de quatro pontos percentuais em relação a janeiro. A avaliação positiva caiu para 27%. Outros 29% consideram o governo regular.
Em comparação com os mandatos anteriores de Lula (2003 a 2010), 53% consideram a atual gestão pior. Já em relação ao governo de Bolsonaro, 43% avaliam que Lula está fazendo um trabalho pior.
Brasileiros veem economia pior e perda de poder de compra
A Quaest também revelou aumento no pessimismo em relação à economia. Para 56%, a situação econômica do país piorou nos últimos 12 meses. Além disso, 53% disseram que está mais difícil conseguir emprego. A percepção de que o poder de compra caiu chegou a 81% dos entrevistados — aumento de 13 pontos desde dezembro.
A inflação é outra preocupação. Para 88% dos entrevistados, os preços dos alimentos aumentaram no último mês. Outros 70% também notaram alta nos combustíveis.
Direção do país é considerada errada por maioria
Por fim, 56% dos entrevistados afirmaram que o Brasil está indo na direção errada — em janeiro, esse índice era de 50%. Apenas 36% acreditam que o país segue no caminho certo.