No esforço para ampliar sua base de apoio popular, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva estuda apoiar a criação de um plano de saúde popular com mensalidade de até R$100, voltado para consultas e exames básicos. A proposta tem potencial para beneficiar cerca de 50 milhões de brasileiros que hoje dependem exclusivamente do Sistema Único de Saúde (SUS).
O plano seria incorporado ao pacote de medidas em estudo no Ministério da Saúde, liderado por Alexandre Padilha, que também prevê a transferência de atendimentos do SUS para hospitais privados. O tema já foi discutido por Lula com a Casa Civil e deve ser uma das primeiras missões do petista Wadih Damous, indicado para assumir a direção-geral da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
Atualmente, Damous é secretário nacional do Consumidor no Ministério da Justiça e aguarda sabatina na Comissão de Assuntos Sociais do Senado para assumir o novo posto.
O anúncio da possibilidade de criação do plano ocorreu no último dia 7, durante cerimônia de lançamento da campanha nacional de vacinação contra a gripe, em Montes Claros (MG).
Se aprovado, o plano de saúde popular pode representar um novo modelo de acesso à saúde no país, especialmente para a população que está fora dos convênios privados, mas não consegue atendimento ágil pelo SUS. A proposta, no entanto, levanta um questionamento inevitável: seria essa medida o primeiro passo para uma transição silenciosa do sistema público universal para uma saúde semi-privatizada? O plano de R$100 pode ser visto como alívio imediato, mas também como prenúncio de um desmonte gradual do SUS, que sempre foi um dos pilares da política social brasileira.