A promessa feita pelo governador Jerônimo Rodrigues (PT) no último dia 23 de abril começou a se concretizar nesta sexta-feira (02/05), com o início da distribuição de 250 mil sacas de milho para pequenos criadores de animais nos municípios baianos em situação de emergência por estiagem. No entanto, o programa que visa mitigar os efeitos da seca no interior do estado, apresenta custos fora do comum.
De acordo com os dados da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), responsável pela execução da medida, a compra das sacas foi realizada junto à Cooperativa de Produtores Rurais (Cooperfarms) ao custo total de R$ 26 milhões, o que equivale a R$ 104 por saca. O problema é que, no mercado, a mesma saca de milho é comercializada por cerca de R$ 72, segundo levantamento de preços médios feito pelo Informe Baiano. Isso significa que o governo estadual pagará R$ 32 a mais por unidade, resultando em um possível prejuízo de mais de R$ 8 milhões aos cofres públicos.
A distribuição é destinada a aproximadamente 25 mil famílias de criadores de caprinos, ovinos e vacas leiteiras cadastradas no Cadastro Nacional da Agricultura Familiar (CAF). Para participar do programa, é necessário também integrar o Sistema de Segurança Alimentar e Nutricional.
Em suas redes sociais, o governador celebrou a chegada das primeiras cargas do milho em cidades como João Dourado, Juazeiro, Ibotirama e Chorrochó, reforçando que a ação é resultado da parceria com o governo federal e o presidente Lula. “Esse é mais um fruto da parceria com o presidente Lula e o governo federal, e mais uma ação de convivência com a seca e de cuidado com quem cria e produz no sertão”, escreveu Jerônimo.
AÇÕES QUESTIONÁVEIS
A diferença de valores praticados no contrato chama a atenção, especialmente considerando a recente contratação de uma empresa de locação de veículos — a ASR Locação de Veículos e Máquinas — para uma compra anterior de 12 toneladas de milho, também via CAR, no valor de R$ 19 milhões.
Na época, a empresa não apresentava histórico consolidado na venda de grãos, o que gerou críticas quanto à especialização e à transparência do processo licitatório.
Apesar de o novo contrato ter sido firmado com uma cooperativa especializada, o valor acima do mercado levanta dúvidas sobre a negociação e o controle de preços na aquisição dos insumos, especialmente em uma ação emergencial de forte impacto social.
O espaço está aberto para eventual manifestação do Governo baiano.