Uma possível medida anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump — cogitando bloquear o acesso do Brasil aos sistemas de satélites e GPS americanos — acendeu um alerta máximo em setores estratégicos da economia e da segurança nacional. A ameaça seria uma resposta às recentes declarações do presidente Lula, que vem intensificando críticas públicas contra os EUA e contra Trump, após o anúncio de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros.
Se o bloqueio de fato ocorrer, os impactos seriam imediatos e devastadores, segundo especialistas. Hoje, praticamente todas as áreas da economia e do cotidiano brasileiro dependem, direta ou indiretamente, do sinal GPS (Global Positioning System), que é operado pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos.
O que pode parar?
1. Transporte e logística:
Caminhões, aviões, navios, aplicativos de transporte, entregas por aplicativo e até o simples uso do Waze ou Google Maps deixariam de funcionar com precisão. A cadeia logística do país entraria em colapso — empresas deixariam de rastrear suas cargas, e os consumidores sofreriam com atrasos e prejuízos.
2. Agricultura de precisão:
O agronegócio brasileiro, que depende de satélites para plantio e colheita guiados por GPS, sofreria um baque histórico. A produtividade cairia pela metade em algumas culturas. Tratores deixariam de operar em linhas precisas, colheitadeiras perderiam eficiência e agricultores estariam literalmente às cegas.
3. Segurança pública e defesa:
Forças armadas e polícias utilizam o GPS em operações de vigilância, patrulhamento, mapeamento de áreas de risco e mobilização tática. Um bloqueio tornaria diversas ações de segurança mais lentas e perigosas, além de afetar radares e sistemas de monitoramento aéreo e marítimo.
4. Comunicações e bancos:
As redes de telecomunicações e sistemas bancários utilizam o GPS para manter a sincronização de dados e transações em tempo real. Um desligamento ou bloqueio poderia gerar instabilidade em operações bancárias, pagamentos digitais e transações online, inclusive via Pix.
Existe alternativa ao GPS?
Atualmente, o Brasil não tem um sistema próprio de navegação por satélite. Há outros sistemas em operação no mundo, como o russo GLONASS, o europeu Galileo e o chinês BeiDou, mas o uso pleno dessas alternativas exigiria ajustes técnicos, acordos diplomáticos e novos investimentos, o que levaria meses ou anos.
É possível que o país norte-americano venha a restringir seletivamente o sinal para o Brasil, como já fizeram em conflitos militares. Não é algo simples, mas tecnicamente possível.
O embate entre Lula e Trump ganhou corpo após a imposição de tarifas contra o Brasil. Em resposta, Lula tem criticado abertamente os EUA, inclusive em entrevistas internacionais. Para analistas, a ameaça de Trump ao uso do GPS pode ser um blefe político, mas mesmo assim revela o nível de tensão entre os países.
Mesmo sendo improvável, a possibilidade de um bloqueio do GPS mostra o quão vulnerável o Brasil ainda é em termos de soberania tecnológica. Em meio a essa crise política, fica claro que o país precisa discutir com seriedade investimentos em autonomia espacial e sistemas alternativos de navegação. Porque quando a briga sobe para o espaço, quem depende dos outros fica no escuro.