O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central inicia nesta terça-feira (29) sua quinta reunião do ano com uma expectativa quase unânime no mercado: a manutenção da taxa básica de juros, a Selic, em 15% ao ano. A decisão oficial será divulgada na quarta-feira (30), e analistas apontam que qualquer alteração nesse cenário seria uma surpresa.
Segundo relatório do JP Morgan, o BC deve seguir a sinalização dada na última reunião, em junho, quando interrompeu o ciclo de alta dos juros. “Com pouquíssimas aparições públicas recentemente, parece que os membros do conselho do BCB estão confortáveis com a mensagem de ‘alto por longo prazo’ que tem prevalecido nas comunicações recentes”, destacou o banco.
A principal missão da autoridade monetária é levar a inflação à meta de 3%, e para isso o Copom já havia afirmado a necessidade de manter uma política significativamente contracionista por um período prolongado.
Próxima queda só em 2026
De acordo com a última edição do Boletim Focus, divulgada na segunda-feira (28), o mercado espera que a primeira redução da Selic ocorra apenas em 18 de março de 2026, quando a taxa recuaria para 14,5% ao ano.
Entre os fatores que fortalecem a posição atual do Banco Central estão os dados de inflação e atividade econômica. A XP Investimentos apontou que os indicadores recentes foram “majoritariamente benignos para as perspectivas de inflação”, com leituras do IPCA dentro ou abaixo das expectativas, deflação no atacado e sinais de desaceleração da economia, embora ainda em patamar sólido.
Efeitos do tarifaço de Trump
Apesar do cenário doméstico controlado, o mercado também volta sua atenção para os impactos do tarifaço imposto pelo ex-presidente Donald Trump ao Brasil. O efeito direto pode ser desinflacionário, ao reduzir a demanda global e ampliar a oferta doméstica. Contudo, há riscos.
O relatório da XP alerta para possíveis efeitos colaterais: uma desvalorização do real caso a tensão comercial se agrave e até uma eventual retaliação brasileira com aumento de tarifas, o que pressionaria a inflação.
Assim, mesmo com a Selic mantida em 15% nesta reunião, o Copom terá de equilibrar fatores internos positivos com incertezas do cenário internacional nos próximos meses.