A aposta do governo Lula (PT) em transformar a crise diplomática com Donald Trump em trunfo político não surtiu efeito. Segundo a mais recente pesquisa do instituto Datafolha, divulgada neste sábado (02/08), a reprovação ao governo segue em 40%, enquanto a aprovação ficou em 29%, praticamente estável em relação ao levantamento anterior, feito em junho.
A pesquisa foi realizada nos dias 29 e 30 de julho, em meio ao agravamento das tensões entre Brasil e Estados Unidos após o ex-presidente americano anunciar sobretaxas de até 50% sobre produtos brasileiros. A medida foi acompanhada de ataques ao Supremo Tribunal Federal e à condução do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), inelegível até 2030.
Apesar do tom nacionalista adotado por Lula e do forte uso de redes sociais com mensagens ufanistas — incluindo a hashtag “Trump arregou” após o anúncio de exceções ao tarifaço — os dados revelam que o embate internacional não teve impacto relevante na percepção da população. A reprovação pessoal ao presidente também segue estável: 50% dizem desaprovar Lula como presidente, contra 46% que o aprovam.
A tática política, embora elogiada até por veículos internacionais como o New York Times, esbarra na realidade doméstica. A maior preocupação dos brasileiros segue ligada à economia, serviços públicos e custo de vida. O governo conseguiu certa estabilidade, o que já é visto como uma vitória após o tombo registrado em fevereiro, quando sua aprovação caiu para 24%, o pior índice dos seus três mandatos.
O Datafolha também mostra que os eleitores com maior desaprovação ao governo estão entre os mais ricos (57%), evangélicos (55%), sulistas (51%) e mais instruídos (49%). Já os menos instruídos (42%) e os nordestinos (38%) são os segmentos mais simpáticos ao petista.