Pneus velhos, caixas de papelão e garrafas PET foram transformados em diversos produtos de qualidade, expostos na ‘Feira do Corra: abrace essa ideia’, realizada nesta sexta-feira (20), em um dos lugares mais movimentados da capital baiana: a Praça do Campo da Pólvora. A iniciativa é a conclusão do curso de arte-reciclagem, promovido no âmbito do Programa Corra pro Abraço, da Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SJDHDS).
“O Corra atende pessoas no contexto do uso abusivo de drogas, mesmo aquelas que não são usuárias, e constrói uma atenção integral, seguindo o caminho da empregabilidade, da profissionalização e da progressão de escolaridade”, explica a coordenadora pedagógica do programa, Trícia Calmon.
Ao longo de dois meses, os participantes do projeto tiveram as aulas de arte-reciclagem com professores do Movimento Canteiros Coletivos e aprenderam técnicas que garantiram a confecção dos produtos expostos. A representante e professora do movimento, Débora Didonê, destaca que “a participação no Corra permite ressignificar a ocupação do espaço público por pessoas em situação de rua, transformando-a em uma ocupação produtiva e saudável para a sociedade como um todo”.
Com bom acabamento e grande potencial de aceitabilidade pelo mercado, os itens – dentre eles bancos estofados, kits de jardinagem e brincos – conquistaram quem esteve no local, como a bióloga Dailva Brito, que comprou uma argola na feira. “O preço está ótimo e a qualidade também. Tenho um colar semelhante que custou muito mais”, afirma.
Alcance
O Corra pro Abraço possui diversos núcleos, que realizam uma média de 300 atendimentos por dia, no estado baiano. A SJDHDS contabiliza que, desde 2013, ano em que foi fundada a iniciativa, mais de 90 mil pessoas tenham sido beneficiadas. Acompanhado há quase um ano pelo programa, Evandro Silva, 22 anos, conta que, além das técnicas, aprendeu “a interagir e a lidar melhor com pessoas” e assegura que deseja “repartir esse conhecimento com outros, que, assim como eu, precisam desse apoio”.
A superintendente de Políticas sobre Drogas e Acolhimento a Grupos Vulneráveis (Suprad) da SJDHDS, Denise Tourinho, avalia que “um programa de redução de danos como o Corra pro Abraço, bem como outras experiências nacionais e internacionais, são de extrema importância pois alcança pessoas que de outra forma não seriam atingidas positivamente pelas políticas públicas”.
Fotos: Carol Garcia
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