A peça teatral “O evangelho segundo Jesus, rainha do céu”, de autoria da dramaturga britânica Jo Clifford, prevista para ser apresentada quinta (26) e sexta (27), no Espaço Cultural Barroquinha, em Salvador, dentro do FIAC – Festival Internacional de Artes Cênicas da Bahia, vem recebendo diversas críticas de líderes religiosos e políticos. O espetáculo traz Jesus Cristo como um travesti. O monólogo, segundo os organizadores, propõe uma reflexão sobre a opressão e intolerância sofridas por transgêneros e outras minorias e reitera valores cristãos como amor, perdão e aceitação.
Em entrevista ao Informe Baiano, o deputado estadual Samuel Júnior (PSC) discordou. Para o parlamentar, na verdade, trata-se “de uma afronta a Igreja, em especial, a Igreja Católica”.
“É o cúmulo do absurdo. É uma falta de respeito muito grande com todos os segmentos, com todo o cristão. Se nós evangélicos e os católicos fizéssemos isso com qualquer coisa, símbolos deles, seríamos considerados homofóbicos, pessoas desrespeitadoras e pessoas que não respeitam a crença e o credo. Estamos sendo ridicularizados e ofendidos por eles. E quando criticamos, somos chamados de povinho e moreno“, disparou Samuel Júnior.
“O que mais me choca não é essa manifestação por parte desses ativistas, por parte desses esquerdopatas, é o silêncio das pessoas de bem, das famílias tradicionais”, pontuou o deputado, que complementou: “O meu repúdio a essa apresentação. Eu tenho um respeito muito grande por todos os cidadãos e pelos homossexuais. Mas eles não podem querer colocar uma mordaça gay em nosso país”.
“Você quer ter opção de ser homossexual, que seja. Mas não queira colocar na minha cabeça que isso é normal”, finalizou Samuel Júnior.
Aliado de Samuel Júnior, o deputado Sargento Isidório (Avante), que também é pastor, ingressou na 11ª Vara Cível e Comercial de Salvador com uma ação para tenta barrar a apresentação. O juiz de direito Benício Mascarenhas Neto ainda não decidiu, mas determinou o pagamento das custas processuais para que a causa seja julgada. Em São Paulo, um pedido semelhante foi considerado procedente. O juiz Luiz Antonio de Campos Júnior, da 1ª vara da comarca de Jundiaí, decidiu cancelar a exibição do espetáculo.
Em entrevista a Rádio Educadora FM, a diretora Natalia Mallo disse que “aqui em Salvador, na Bahia, estamos sendo extremamente bem recebidas“.
“A gente está em alerta porque, às vezes, essas liminares, esses pedidos de cancelamento, eles chegam em cima da hora“.
Ainda de acordo Mallo, o espetáculo traz uma reflexão de como seria Jesus nos dias de hoje, se ele fosse um travesti.
“Fala de amor a vida, afirmação da vida, afirmação do corpo, afirmação da diversidade, reconhecendo na diversidade algo divino também. Uma manifestação divina nessa variedade de experiências e modos de viver“, pontuou.
A diretora disse ainda que os ingressos já estão esgotados, mas “existe a fila da esperança, vale a pena tentar“.]]>
Jesus Cristo como travesti: “eles não podem querer colocar uma mordaça gay em nosso país”, diz deputado sobre espetáculo em Salvador
