Antes da bola rolar na Fonte Nova, neste domingo, para o primeiro Ba-Vi de 2016, muito se dizia sobre o fato do clássico não ter “valor” para o Campeonato Baiano. Já classificado e garantido na primeira colocação geral, o Bahia cumpriria tabela diante de um rival também já classificado, certo? Errado. Pergunte a qualquer um dos 26 mil presentes na Fonte Nova ou dos milhões que acompanharam de casa ou nas ruas qual o real valor de um clássico. Seja qual for a motivação, um Ba-Vi vale e muito.
Por isso, o triunfo por 2 a 0 deve ser bastante comemorado pelos rubro-negros, além de dar moral a um time que enfrenta a desconfiança da torcida diante das atuações com altos e baixos. Longe de ser perfeita, a atuação do Vitória, superior em toda a partida, serve principalmente para indicar um caminho a Vagner Mancini, que montou um time ofensivo, mas bem resguardado e ainda contou com a atuação brilhante do jovem goleiro Caíque. Com os dois times ainda em formação e seis partidas – para os finalistas – o Vitória, que se reforçado com jogadores experientes, mostrou no clássico que tem condições de impedir o sonhado tri do Tricolor.
Já o Bahia mostrou que a invencibilidade do ano em partidas oficiais se devia também à fragilidade dos rivais que enfrentou. Antes de pegar o Vitória, o único clube que disputas as Séries A e B que o Tricolor havia enfrentado foi o Santa Cruz, no mês passado, quando mesmo muito pressionado venceu por 1 a 0. Sem contar a péssima impressão deixada na derrota de 6 a 1 para o Orlando, nos Estados Unidos, o Bahia teve no clássico, a maior prova de fogo da temporada e não resistiu. Mais uma vez ficou evidente que o velho problema das laterais segue em alta no Fazendão. A defesa voltou a mostrar fragilidades e o ataque, que até então era o ponto alto do time, deu mostras que a vida sem Hernane será muito difícil.
Lei do ex: No futebol há leis que são implacáveis, a do ex é uma delas. Além de perder o Ba-Vi deste domingo, os tricolores tiveram que encarar o fato que a derrota veio graças a dois ex-jogadores do Bahia: Vander e Tiago Real. Se parece pouco, os torcedores do time de Doriva têm motivos de sobra para temer ainda mais. Ídolo na última temporada e artilheiro do time em 2015, Kieza deve mesmo vestir a camisa do Vitória nesta temporada. Com a possibilidade de um novo Ba-Vi na decisão do estadual, o Tricolor que coloque suas barbas e molho: A lei do ex é implacável.
Eric Luis Carvalho
É jornalista. Com passagens pela Tribuna da Bahia e GloboEsporte.com, participou da cobertura das Copas da Confederações e do Mundo.