Falta de infraestrutura adequada e ausência de reajuste salarial há mais de três anos para professores municipais e conselheiros tutelares. Esses foram alguns dos assuntos tratados, na manhã desta terça-feira (17), durante reunião aberta das comissões de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente e da Educação, no auditório do Edifício Bahia Center, anexo da Câmara Municipal.
Os vereadores Hilton Coelho (PSOL) e Rogéria Santos (PRB), respectivamente presidente e vice do colegiado da Criança e do Adolescente, conduziram o debate juntamente com Sílvio Humberto (PSB), integrante da Comissão de Educação.
“Mobilizamos esses três colegiados para debater essa situação que aflige Salvador. Os professores estão há três anos sem reajuste e não têm plano de carreira. Os conselheiros tutelares enfrentam situação parecida e um problema grave de falta de veículos, combustível e infraestrutura”, destacou o vereador Hilton Coelho.
Hilton também denunciou que a Secretaria Municipal de Educação tem inaugurado escolas com mobiliário, equipamentos e até alunos de outras unidades. “Após a inauguração os prédios ficam ocos. É só uma montagem para os eventos. Essa situação está sendo apurada por nós assim como a falta de fardamento”, afirmou.
“A educação de qualidade tem que sair da retórica e ser de fato prioridade. A cidade não precisa só de investimentos em infraestrutura. Se esse compromisso fosse assumido há cinco anos estaríamos em uma situação diferente”, pontuou Sílvio Humberto. Ele cobrou também que sejam realizadas eleições para a escolha dos gestores municipais. Desde o início do ano, os cargos estão sendo ocupados por indicação do Executivo.
Membro do Coletivo de Coordenadores, Raquel Alves reforçou que a eleição dos gestores é uma demanda urgente e que reflete nos outros pontos. “Os gestores indicados são subservientes à política da prefeitura e ajudam a mascarar a situação de extrema precariedade das escolas municipais”, disse Raquel.
O diretor do Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Bahia (APLB), Marcos Barreto, disse que falta valorização dos profissionais. “Isso prejudica a qualidade de vida e desempenho pedagógico dos professores que precisam de outro emprego para sustentar a família e acabam sobrecarregados”, avaliou.
Marcos também aponta os prejuízos sofridos pelos alunos: “A temperatura em algumas salas chega a 42 graus no verão. Apelidamos de ´saunas de aula`. Esse ambiente sem ventilação e tratamento térmico adequado facilita a proliferação de doenças. Recentemente fomos informados de um grande número de casos de conjuntivite na rede municipal”. Entre os problemas apontados por Marcos Barreto estão ainda a superlotação das salas e falta de vagas.
Conselho Tutelar
Os representantes dos conselheiros tutelares também se queixam dos prejuízos que a falta de infraestrutura traz para o exercício da profissão. “Das 18 sedes do Conselho Tutelar em Salvador, 11 estavam sem veículos há quase um ano. Agora alguns carros retornaram para as unidades, mas sem a manutenção adequada. Foram feitos verdadeiros remendos. Falta ainda combustível para que possamos trabalhar. A área de abrangência é enorme e não temos como nos deslocar”, aponta o coordenador do Conselho tutelar de Itapuã, Paulo Pereira.
Ele afirmou ainda que já foram protocolados ofícios no Ministério Público e Defensoria Pública, na tentativa de solucionar o problema. “A Prefeitura atende os chamados, apresenta as soluções, mas efetivamente não faz nada”, disse Paulo Pereira.
