Na próxima segunda-feira, 11, mesmo estando oficialmente na ilegalidade, a plataforma de transporte individual Uber, que tem criado polêmica após o início da operação em Salvador, vai passar a aceitar que passageiros paguem pelo serviço em dinheiro vivo.
A nova opção de pagamento começará a valer, aos poucos, em Recife, Fortaleza e Salvador, até que todos os usuários do aplicativo na região sejam contemplados.
“É um projeto-piloto”, explica o diretor de comunicação da Uber, Fábio Sabba, sem precisar em que momento a novidade atingirá 100% dos usuários do aplicativo. “Algumas pessoas vão começar a ter a opção de escolher pagar em dinheiro e em breve isso vai chegar para todo mundo”, diz ele.
Segundo o diretor da plataforma, os motoristas do aplicativo devem receber ainda nesta quinta, 7, um informativo sobre a mudança, com orientações de como agir a partir de agora.
Táxi
A decisão de ampliar o serviço para quem não tem cartão de crédito foi tomada após a análise de dados estatísticos do aplicativo.
Um deles, afirma Fábio Sabba, mostra que cerca de 60% dos nordestinos interrompiam o preenchimento do formulário de adesão ao serviço no momento em que informações do cartão de crédito eram solicitadas.
“Como temos o objetivo de oferecer transporte da forma mais acessível possível, resolvemos disponibilizar outra opção para o usuário”.
Para o secretário de Mobilidade de Salvador, Fábio Mota, a opção de cobrança em dinheiro do Uber “configura mais ainda a concorrência desleal e predatória com os táxis”.
Na opinião do gestor, a mudança proposta pela direção da plataforma “prova que o Uber é um serviço análogo (semelhante) ao oferecido pelos táxis”. “Só falta agora aceitarem corrida na rua”, ironizou Mota.
Retaliação
Segundo ele, 20 carros já foram apreendidos na cidade por estarem servindo ao aplicativo. Outros cinco são suspeitos da mesma infração, mas não há provas que garantam isso às equipes de fiscalização da Secretaria Municipal de Mobilidade (Semob). Fábio Mota garante, porém, que o combate ao Uber e de outros tipos de transporte clandestino seguirá acontecendo.
O presidente do Sindicato dos Taxistas do Estado da Bahia, Carlos Augusto Ramos, voltou a defender que a plataforma traz prejuízos para os taxistas. Ele afirmou, ainda, que o problema deve se agravar com a nova forma de cobrança do aplicativo.
“Já tinha prejuízo só com cartão, as corridas sumiram, caíram quase 40%, imagine agora”, comentou ele, dizendo confiar na atuação de fiscalização da prefeitura.
Taxistas ouvidos também desaprovam a medida, por medo da concorrência com o Uber.
Fonte: Atarde