Integrantes da Associação dos Moradores do Calabar realizaram uma reunião na noite de quarta-feira (19/12), com o objetivo de discutir três ações policiais, supostamente de integrantes da Rondesp Atlântico, no bairro.
Em entrevista ao Informe Baiano, o vice-presidente da associação, Antônio Ramos, afirmou que os militares invadiram as localidades do Camarão e da Bomba nos dias 16, 17 e 18 de dezembro e “sem motivo, dispararam tiros”.
“Moradores tem procurado a associaçao para denunciar essa truculência e cobrar providências. Até a galinha de um rapaz eles deram tiros e mataram. Um menino também, os estilhaços das balas, pegaram na mão dele”, contou Ramos.
A presidente da associação, professora Nilza Santos, exigiu uma resposta do comandante da Rondesp Atlântico, major Assemany. “Ele que autorizou fazer isso? A gente tem uma Base Comunitária que está aqui sempre presente e não faz isso. Aqui não tem homicídios. A gente não pode nem receber uma visita. Temos moradores que são policiais e também não acharam correto a ação deles. Vamos no quartel dele para conversar, pois a gente está pedindo socorro. Arriscado até um filho nosso ser atingido ou a gente morrer”, desabou a educadora.
Líder comunitário e morador da região há mais de 30 anos, Edmilson ‘Pilti’ Maria afirmou que a “comunidade não é contra a ação policial, pelo contrário”.
“A gente apoia, somos pessoas de bem. Mas não queremos uma polícia que traz pânico e transtornos. Porque sair dando tiros aleatoriamente? Parecendo até que aqui tem pessoas perigosas, igual ao Rio de Janeiro. Querem denegrir a imagem do bairro”, protestou ‘Pilti’.
Vagner Sorriso, empresário de eventos, também participou do encontro. Ele teme que o tradicional Réveillon do Calabar, que conta com o apoio da prefeitura e da própria PM, seja cancelado.
“Temos todo ano esse Réveillon, onde arrecadamos alimentos para entidades carentes. Inclusive, a gente quer trazer um grande artista pro bairro, mas desse jeito fica difícil. Será que o morador do Calabar não tem direito de ter um evento desse e ter alegria em nossa comunidade?”, questionou ‘Sorriso’.
Nota da Polícia Militar
Em nota enviada ao Informe Baiano, a Polícia Militar negou qualquer ação da Rondesp Atlântico nas datas mencionadas. Veja abaixo o comunicado.
“A Companhia Independente de Policiamento Tático (CIPT)/ Rondesp Atlântico não tem registro de ocorrência nesta localidade nas datas relacionadas. Solicitamos que os moradores formalizem as denúncias através da Ouvidoria da Polícia Militar, pelo telefone 0800 284 0011 ou pelo site www.pm.ba.gov.br, lembrando que a identidade do denunciante é preservada”.