Jerônimo vai trocar o chefe de polícia, muito pouco para a gravidade do problema

“Mãe, tire o distintivo de mim
Que eu não posso mais usá-lo
Está escuro demais pra ver”

(Batendo na porta do céu, de
Bob Dylan, versão de Zé Ramalho)

A partir de primeiro de janeiro, a Bahia vai ter um novo chefe de polícia. O governador eleito, Jerônimo Rodrigues, confirmou nesta quinta-feira, 3, em entrevista, que vai trocar o secretário estadual da Segurança Pública. Nisso aí, nenhuma novidade. E não só por se tratar de um novo governo. Mas porque o dr. Ricardo Mandarino, no cargo desde dezembro de 2020, estava rifado há muito tempo.

A exoneração dele não se concretizou em julho passado porque vazou antes para a imprensa. Dessa forma, iria parecer que o secretário saiu por pressão da mídia, coisa que o governador Rui Costa, vaidoso como é, não deixaria nunca acontecer. Daí Mandarino foi ficando, foi ficando, começou a campanha eleitoral e, pior ainda, caso ele fosse demitido iria parecer que a oposição tinha razão ao criticar a fragilidade do governo na área da segurança.

Uma bobagem, pois para comprovar que a insegurança tomou conta da Bahia bastava uma olhadela no noticiário da imprensa. Só para lembrar, cito aqui quatro fatos emblemáticos, ocorridos em plena campanha:

  1. O assassinato de uma estudante em uma tentativa de assalto, às 7h30 da manhã, quando seguia em companhia da mãe para a escola, na porta do Palácio da Aclamação, a dois passos do Quartel dos Aflitos, onde funciona o comando geral da PM, em Salvador;
  2. O ataque simultâneo, seguido de roubo, a três agências bancárias, na pequena cidade de Irará;
  3. A canhestra e mal explicada operação policial em uma pousada na cidade de Itajuípe, que resultou na morte de um tenente e ferimentos em um soldado que trabalhavam na segurança do candidato a governador da oposição, em Itajuípe;
  4. E por último, mas não menos dramática, a execução de dois homens em um bar no Rio Vermelho, a mais conhecida zona boêmia e ponto turístico da capital, por um grupo de sete homens armados.

Mas, afinal trocar o secretário é bom? Vai resolver o problema? Se for isso, será apenas trocar seis por meia dúzia, minha cara leitora, amedrontada com o crescente avanço da criminalidade e o aumento da violência registrados no estado nos últimos tempos.

Qualquer alteração nesse quadro só virá com a mudança na política de segurança do governo atual, baseada apenas na lógica do confronto armado e no princípio de que bandido bom é bandido morto – mais bolsonarista que isso não há –, com pouca investigação e trabalho de inteligência.

Como consequência disso, a polícia baiana deixa de resolver 78% dos homicídios que ocorrem no Estado, segundo a última edição da pesquisa “Onde Mora a Impunidade”, realizada pelo Instituto Sou da Paz, com base em dados de 2018. Ou seja, em cada grupo de 100 homicídios registrados no território baiano, apenas 22 são elucidados, metade da média brasileira, que é 44.

No outro extremo, a polícia baiana lidera o ranking nacional de letalidade. É a que mais mata. Só que, na caça aos bandidos, morrem também muito inocentes, o que a torna temida entre os moradores dos bairros periféricos da capital e das grandes cidades.
Enfim, apenas trocar o secretário não vai resolver nada. Será apenas conversa para boi dormir.

*José Carlos Teixeira é jornalista, graduado em comunicação social pela Universidade Federal da Bahia e pós-graduado em marketing político pela Universidade Católica do Salvador.

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