A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou nesta quarta-feira (14) que o cenário de mpox no continente africano constitui emergência em saúde pública de importância internacional em razão do risco de disseminação global e de uma potencial nova pandemia. Este é o mais alto nível de alerta da entidade.
Em coletiva de imprensa em Genebra, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, destacou que surtos de mpox vêm sendo reportados na República Democrática do Congo há mais de uma década e que as infecções têm aumentado ao longo dos últimos anos.
Em 2024, os casos já superam o total registrado em 2023 e somam mais de 14 mil, além de 524 mortes.
O que é a Mpox?
Mpox, anteriormente conhecida como varíola dos macacos, é uma doença viral que se espalha facilmente entre pessoas e animais infectados. O vírus pode ser transmitido por meio de contato próximo, como toque, beijo ou relações sexuais, e também através de materiais contaminados, como roupas e agulhas. Os sintomas incluem febre, erupções cutâneas dolorosas, dor de cabeça, dores musculares e nas costas, baixa energia e inchaço dos gânglios linfáticos.
A doença foi detectada pela primeira vez em macacos em 1958, mas surtos em humanos começaram a ser registrados em 1970, principalmente na África Central e Ocidental. No entanto, desde 2022, a mpox começou a se espalhar para outros continentes, incluindo a Europa e a América do Norte, o que levou a OMS a declarar uma emergência de saúde global em julho de 2022, encerrada em maio de 2023.
Como a Mpox é transmitida?
Contato Direto com Animais Infectados: Pessoas podem contrair a doença ao tocar em sangue, fluidos corporais, ou lesões na pele ou mucosas de animais infectados.
Contato Direto com Humanos Infectados: A transmissão entre humanos ocorre por contato direto contato (beijos, abraços, relação sexual) com secreções infectadas das vias respiratórias, feridas ou bolhas na pele da pessoa infectada; e também com o compartilhamento de objetos contaminados recentemente com fluidos do paciente ou materiais da lesão. A transmissão respiratória pode ocorrer, mas é menos comum.
Consumo de Carne de Caça Contaminada: Em algumas regiões, a caça e o consumo de animais selvagens infectados são fontes de transmissão.
Quais são os Sintomas da Mpox?
Os sintomas da mpox são semelhantes aos da varíola, mas geralmente menos graves. Eles incluem:
- Febre
- Dor de cabeça intensa
- Dores musculares
- Dor nas costas
- Linfonodos inchados (linfadenopatia)
- Calafrios
- Exaustão
Após alguns dias, pode surgir uma erupção cutânea, que evolui de manchas planas para pústulas cheias de líquido, que eventualmente formam crostas e caem. Essas lesões costumam aparecer primeiro no rosto, espalhando-se para outras partes do corpo, incluindo as palmas das mãos e as solas dos pés.
Tratamento e Prevenção
Atualmente, não existe um tratamento específico para a mpox. O tratamento é sintomático e de suporte, com foco em aliviar os sintomas e prevenir complicações. A vacina contra a varíola humana, que foi descontinuada após a erradicação da doença, oferece alguma proteção contra a mpox, e algumas nações estão considerando sua reintrodução em resposta à atual situação.
Por que a Mpox foi declarada emergência global novamente?
O novo alerta da OMS foi motivado pela propagação do clado Ib, uma cepa mais perigosa do vírus, em regiões africanas que não haviam sido afetadas anteriormente. A OMS convocou um comitê de emergência para avaliar a gravidade da situação. Após a consulta com especialistas, o Diretor-Geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, declarou a mpox uma emergência de saúde pública global, o mais alto nível de alarme segundo o direito internacional de saúde.
Essa declaração é feita em resposta a “eventos extraordinários” que representam risco à saúde pública internacional e que exigem uma resposta coordenada. O surto atual foi considerado de “risco muito elevado” pelo Centro Africano de Controle e Prevenção de Doenças, que já havia declarado a situação uma emergência de saúde pública de segurança continental um dia antes.
Impacto do surto e medidas de resposta
Desde o início de 2024, mais de 17.000 casos de mpox e mais de 500 mortes foram registradas em 13 países africanos, com a República Democrática do Congo concentrando mais de 14.000 casos e 96% das infecções confirmadas neste mês. Essa situação alarmante levou a OMS a reforçar o pedido por cooperação internacional no financiamento e na organização de esforços para conter o surto.
A OMS também assinou um processo de Lista de Uso de Emergência para vacinas contra a mpox e desenvolveu um plano de resposta regional que requer 15 milhões de dólares, dos quais 1,45 milhões já foram liberados do Fundo de Contingência para Emergências da organização.