No início deste ano, a Best Life informou que os casos de câncer de mama, câncer colorretal e câncer renal estavam aumentando nos EUA. Também houve um crescimento nas taxas de câncer do colo do útero, especialmente entre mulheres com mais de 65 anos — grupo que apresenta maior risco de desenvolver câncer uterino, segundo um novo estudo.
O câncer de útero é o quarto tipo de câncer mais comum entre as mulheres, de acordo com a Sociedade Americana do Câncer. Mas o que é ainda mais preocupante é que a mortalidade associada à doença também está em alta — e certas mulheres enfrentam um risco maior do que outras.
Existem dois tipos de câncer de útero: carcinoma endometrial e sarcoma uterino
Entre os dois, o carcinoma endometrial é o mais comum, representando 95% de todos os diagnósticos de câncer de útero, segundo a Cleveland Clinic. Ele atinge o sistema reprodutivo e ocorre quando há alterações nas células do revestimento interno do útero, fazendo com que elas “cresçam e se multipliquem de forma descontrolada”.
No caso do sarcoma uterino, células mutadas se desenvolvem na parede muscular do útero. Esse tipo de câncer é bem mais raro.
Embora o carcinoma endometrial e o sarcoma uterino se desenvolvam em áreas diferentes do útero, compartilham os mesmos fatores de risco: desequilíbrio entre os hormônios estrogênio e progesterona, síndrome dos ovários policísticos (SOP), terapia de reposição de estrogênio (TRE) e menstruação precoce. Outros fatores incluem obesidade, dieta rica em gordura e diabetes.
Os sintomas do câncer de útero incluem:
- Sangramento vaginal entre os períodos menstruais;
- Sangramento vaginal ou manchas após a menopausa;
- Dor abdominal inferior ou cólicas na região pélvica;
- Corrimento vaginal fino, branco ou transparente após a menopausa;
- Sangramento vaginal muito intenso, prolongado ou frequente em mulheres acima dos 40 anos.
Segundo o Instituto Nacional do Câncer dos EUA, o câncer de útero é mais frequentemente diagnosticado em mulheres entre 55 e 64 anos e representa 3,4% de todos os novos casos de câncer no país. As taxas ajustadas por idade para novos casos têm aumentado, em média, 0,7% ao ano desde 2013. Estima-se que 69.120 mulheres serão diagnosticadas com câncer de útero em 2025.
Mulheres negras são consideradas de alto risco
Um novo estudo publicado no periódico Cancer Epidemiology, Biomarkers & Prevention prevê um “aumento substancial” nos casos e mortes por câncer de útero nos EUA até 2050. No entanto, um grupo específico de mulheres está em risco desproporcional.
“Nossa projeção mostra que as tendências atuais de incidência e mortalidade do câncer de útero continuarão no futuro próximo”, afirmou o autor principal do estudo, Jason D. Wright, professor de Oncologia Ginecológica na Faculdade de Médicos e Cirurgiões da Universidade Columbia.
“Entre 2018 e 2050, esperamos um aumento superior a 50% nos casos entre mulheres negras, em comparação a cerca de 29% entre mulheres brancas.”
A equipe de pesquisa desenvolveu um modelo para projetar taxas futuras de diagnóstico e mortalidade, considerando idade, tipo de câncer e raça. “O modelo começa aos 18 anos e simula pacientes negras e brancas, incluindo transições para lesões precursoras, e separa tumores endometrioides e não endometrioides”, explicou o estudo.
Entre 2020 e 2050, a projeção de novos casos é a seguinte:
Mulheres brancas: 74,2 casos por 100 mil (em comparação com 57,7 por 100 mil em 2018);
Mulheres negras: 86,9 casos por 100 mil (em comparação com 56,8 por 100 mil em 2018).
Já a mortalidade prevista é:
Mulheres brancas: 11,2 mortes por 100 mil em 2050 (vs. 6,1 em 2018);
Mulheres negras: 27,9 mortes por 100 mil em 2050 (vs. 14,1 em 2018).
“Mulheres brancas devem apresentar apenas um pequeno aumento nos casos de tumores não endometrioides, enquanto entre mulheres negras a incidência desse tipo de tumor aumentará substancialmente”, acrescentaram os autores.
Embora o câncer de útero esteja aumentando em ambos os grupos, os autores destacam que “mulheres negras enfrentarão um aumento desproporcional da doença”.
“As mulheres negras frequentemente enfrentam atrasos no diagnóstico e têm maior probabilidade de descobrirem a doença em estágios avançados, quando o tratamento é mais difícil”, explicou Wright. “Elas também apresentam maior propensão a desenvolver tipos agressivos de câncer uterino.”