Durante a sessão plenária desta segunda-feira (04/08), na Câmara Municipal de Salvador, Jéssica Regis e Tamires Reis, representantes do Coletivo Lute por Elas, fizeram um apelo por mais atenção às crianças vítimas de violência sexual e às mães que denunciam os abusos.
Em discurso, elas lembraram que cada pessoa presente naquele plenário só está viva porque uma mulher enfrentou uma gestação — e que é justamente esse amor materno que inspira a luta do coletivo. “Estamos diante de uma realidade dolorosa: quando denunciamos o abuso sexual contra nossas crianças, muitas vezes não encontramos acolhimento e justiça. Pelo contrário, encontramos portas fechadas e tentativas de nos calar”, destacou Jéssica.
Segundo elas, muitas mães que denunciam abusos acabam sendo tratadas como rés, enquanto os verdadeiros agressores seguem impunes. “Quando uma mãe é silenciada, não é só ela que perde a voz — é a criança que ela protege”, completou.
Na ocasião, o coletivo apresentou quatro propostas aos vereadores:
1. Que a Câmara cobre do Tribunal de Justiça e do Ministério Público o cumprimento do Protocolo de Julgamento com Perspectiva de Gênero, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ);
2. A realização de audiências públicas regulares sobre violência sexual infantil e a revitimização de mães;
3. A criação de uma Frente Parlamentar em Defesa das Crianças e das Mães Denunciantes;
4. O fortalecimento dos serviços NAVV e Viver, além de um estudo para criar um Núcleo de Apoio às Mães Denunciantes.
Após a fala, Jéssica compartilhou o sentimento de ter sido ouvida. “A sensação de estar aqui hoje foi de escuta verdadeira. Estamos trazendo a nossa realidade e também a de milhares de mães de todo o Brasil. Agora, o próximo passo é cobrar dos vereadores atitudes que façam essas palavras saírem do papel e se tornarem ação.”
Tamires também agradeceu o espaço e reforçou a esperança de mudança. “Nossa voz não foi silenciada dessa vez. Queremos que as leis sejam aplicadas, que as investigações aconteçam e que as mães que denunciam também sejam protegidas. A luta é por nossos filhos — e por nós mesmas.”