Uma ação conjunta das polícias Militar e Civil, realizada em 11 de julho de 2024, virou alvo de uma investigação da Corregedoria da Polícia Civil e do Ministério Público da Bahia (MP-BA). A apuração envolve três policiais militares e um ex-PM, suspeitos de envolvimento em um esquema de desvio de armas que culminou na tortura e morte de duas pessoas em Lauro de Freitas, Região Metropolitana de Salvador (RMS). As informações são do g1 Bahia.
A operação, inicialmente apresentada como uma das maiores apreensões de armas do ano, resultou na recuperação de uma submetralhadora, seis fuzis e mais de mil munições enterradas em um matagal. No entanto, a investigação aponta que, na verdade, o número de armas apreendidas foi maior, incluindo pistolas que teriam sido desviadas.
Entre os investigados estão o capitão da PM Roque de Jesus Dórea, o ex-PM Jorge Adisson Santos da Cruz, e o soldado Nilton Nery Souza. O delegado Nilton Tormes, exonerado do comando do Departamento de Polícia Metropolitana (Depom) em março deste ano, é considerado peça-chave no caso.
De acordo com a denúncia, o capitão Dórea informou sobre o esconderijo e articulou a operação, que contou com policiais militares e civis, incluindo membros da Coordenação de Recursos Especiais (Core). Testemunhas afirmam que o grupo retirou armas do local sem registrar o número exato, e as submeteu à perícia apenas após a repercussão da operação na imprensa.
A investigação também revelou o desaparecimento, sequestro, tortura e assassinato de dois homens, Joseval Santos Souza e Jeferson Sacramento Santos, que trabalhavam próximos ao local da ação. As famílias foram vítimas de extorsão por parte dos suspeitos, que exigiram R$ 30 mil para liberar os homens, que foram encontrados mortos com sinais de tortura.
O delegado responsável pela Delegacia Antissequestro, Adailton Adam, foi quem conectou os desaparecimentos ao esquema envolvendo os policiais. O soldado Nery confessou a execução de uma das vítimas e a utilização do cartão de crédito para compras, além de ter admitido o desvio de armas.
Em agosto de 2024, Nery, Dórea e Adisson foram presos em operação da polícia, que apreendeu drogas, dinheiro e armas. A Corregedoria da Polícia Civil e o MP-BA continuam investigando o caso, que expõe um grave esquema de corrupção e violência dentro das forças de segurança da Bahia.