Segurança é sensação. E, na Bahia, a sensação é a pior possível. A violência avança e a população sangra junto com a segurança pública.
Na noite de sexta-feira (15/08), uma tentativa de assalto contra uma viatura descaracterizada da Casa Militar do governador Jerônimo Rodrigues terminou em morte. O episódio escancara o retrato da insegurança que se tornou rotina. Em bairros de classe média alta de Salvador, como Graça, Horto Florestal ou Costa Azul, tiroteios e assaltos assustam moradores com frequência. Se assim está nas localidades nobres, imagine a realidade nas periferias.
A Secretaria de Segurança Pública (SSP) aponta redução nos índices criminais. Os números podem até ser verdadeiros, mas não encontram eco no dia a dia da população, que não vê viaturas circulando, não sente a presença policial e convive com uma rotina de medo.
No interior, o cenário é ainda mais dramático. Em Juazeiro, o BDM picha muros e marca território. Em Aurelino Leal, no sul do estado, tiroteios envolvem o Comando Vermelho. Já no extremo sul, em Porto Seguro, um cartão-postal do turismo nacional, a guerra de facções impõe um clima de terror.
O recôncavo baiano vive sob a ostentação de armamentos pesados pela facção Katiara. No sudoeste, até a tranquila Livramento de Nossa Senhora foi surpreendida com assaltos em plena luz do dia, em sua rua principal. Recentemente, criminosos levaram mais de meio milhão de reais de uma joalheria.
São exemplos que se multiplicam pelos quatro cantos do estado. E não adianta culpar a oposição, acusar a imprensa de exagero ou tentar tapar o sol com a peneira. Isso é desonestidade intelectual.
O problema é estrutural. E o mais grave: não se vislumbra perspectiva de melhora. A tropa, sem ânimo e desmotivada, sente isso na pele.
É preciso reconhecer: há boa vontade explícita do comandante-geral Antônio Carlos Magalhães e do secretário Marcelo Werner, homens honrados, respeitados e deferentes. Mas está claro que a solução não depende apenas deles. O buraco é mais embaixo.
TIROS! Vídeo mostra momento que policial impede roubo de viatura da Casa Militar de Jerônimo
“ERA UMA CIDADE PACATA”: Guerra do tráfico assusta moradores de Aurelino Leal
TRINTA MINUTOS DE TIROTEIO: CV e BDM promovem terror e assustam moradores no Engenho da Federação