A seca que castiga a região de Irecê, no interior da Bahia, escancara um cenário de abandono que revolta agricultores e famílias inteiras. Em municípios como Ibititá, América Dourada e São Gabriel, lagoas e rios desapareceram, lavouras foram perdidas antes da colheita e criadores de gado se desfazem dos rebanhos por não terem como alimentar os animais. O Informe Baiano ouviu moradores de toda região e recebeu vídeos do portal Líder Notícias.
Em Ibititá, uma lagoa que ocupava cerca de 1.000 m², com até 2,5 metros de profundidade, virou um grande chão de barro rachado. O dono precisou vender as cabras porque não havia mais pastagem.
Em São Gabriel, o Rio Jacaré praticamente desapareceu, deixando comunidades como Jacarezinho, Curralinho e Grotão em situação crítica.
A indignação cresce quando os moradores lembram do apoio massivo dado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas últimas eleições. Em 2022, Lula obteve mais de 72% dos votos válidos na Bahia, resultado que consolidou o estado como uma de suas principais bases eleitorais no país.
Dois anos depois, a realidade é de frustração. Agricultores relatam que nenhuma ação concreta efetiva chegou à região. “Na hora do voto, o sertanejo lembra. Mas agora, na hora da seca, quem lembra da gente?”, questiona um morador de América Dourada.
As críticas são duras: o Governo Lula é acusado de abandonar a região à própria sorte, sem garantir programas eficazes de acesso à água, perfuração de poços ou apoio à agricultura familiar.
“Estamos vivendo uma tragédia anunciada, e o governo que teve quase três quartos dos votos da Bahia não move uma palha para socorrer quem está passando fome e sede”, desabafou um agricultor de São Gabriel.
Enquanto isso, famílias enfrentam dificuldades até para o consumo básico de água. A paisagem, antes marcada por rios e lagoas, agora é de terra rachada, poeira e sofrimento.