A Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Bahia (OAB-BA), recebeu uma representação disciplinar contra três advogados, entre eles Ana Patrícia Dantas Leão, que foi candidata à presidência da entidade. Também constam na denúncia mais dois advogados. Os três são suspeitos de manipular documentos em um processo judicial de divórcio. As informações são do portal Poder360.
O pedido, protocolado na quarta-feira (20/08), será analisado pela OAB-BA, que poderá abrir processo ético-disciplinar. Segundo a representação de 47 páginas, os profissionais teriam atuado de forma fraudulenta para tentar anular um acordo consensual de separação firmado em 2019 entre o engenheiro Lucas Queiroz Abud e sua ex-esposa Fabiana Durand Gordilho.
O engenheiro afirma que os advogados apresentaram provas falsas para acusá-lo de violência doméstica e manipular informações patrimoniais nos autos. Ele relata que foram juntadas fotos e documentos médicos de agressões que não teriam relação com ele. A suposta violência teria ocorrido nos Estados Unidos, mas Abud anexou registros oficiais da imigração norte-americana (I-94), que comprovariam que ele não estava no país no período indicado.
Quando confrontados com a inconsistência das datas, os advogados teriam alegado “erro de leitura” e mudado a versão, dizendo que a agressão ocorreu após o divórcio. No entanto, as imagens apresentadas como provas estavam datadas de 28, 29 e 30 de junho de 2019, dias posteriores à assinatura da separação.
Na avaliação de Abud, houve falsificação de provas e fraude processual, configurando infrações ao Estatuto da OAB, que podem levar a punições como censura, suspensão ou até exclusão da advocacia. Ele pede que a tramitação ocorra sob sigilo. A OAB-BA poderá instaurar processo disciplinar, caso entenda haver indícios de violação ética. Se condenados, os advogados podem sofrer sanções previstas no Estatuto da Advocacia, que vão de censura à suspensão do exercício profissional.
O portal de notícias procurou os três advogados citados. Ana Patrícia Dantas Leão, por meio de nota, afirmou que as acusações são uma “tentativa de intimidação por Lucas Queiroz Abud”. Disse ainda que não tem conhecimento de investigação ou processo contra si e criticou a reportagem inicial por não conceder tempo suficiente para manifestação. Ressaltou sua trajetória de mais de 20 anos na advocacia e sua atuação em defesa das mulheres e da ética profissional.
Leia abaixo a íntegra da nota da advogada Ana Patrícia Dantas Leão:
NOTA DE RESPOSTA
A advogada Ana Patrícia Dantas Leão vem a público exercer seu direito de resposta à matéria publicada pelo portal Poder360, em 21 de agosto de 2025, sob o título ‘OAB da Bahia analisa acusação contra advogados por fraude processual’.
“Embora a redação tenha feito contato antes da publicação, não foi concedido tempo suficiente para que a advogada pudesse se manifestar de forma adequada e apresentar os devidos esclarecimentos, o que comprometeu o equilíbrio e a responsabilidade da reportagem”.
“Ana Patrícia esclarece que não tem conhecimento da existência de investigação ou processo contra si, nem de representação junto à OAB ou de qualquer incidente relacionado a falsidade documental. Ressalta ainda que a matéria não identifica com precisão os processos citados e ignora que o caso referido tramita em segredo de justiça, por envolver questões sensíveis de família e violência doméstica”.
“Contudo, afirma não ter preocupação com a acusação, afirmando ser vítima, juntamente com os advogados Eugênio Kruschewsky e Michele Alan, de tentativa de intimidação por Lucas Queiroz Abud, que contra eles move abusiva queixa-crime, patrocinada pelo advogado Gamil Foppel. No dia de hoje, foram veiculadas matérias sobre o processo de família, que tramita em segredo de justiça, desvinculada dos fatos do processo, pela imprensa do Distrito Federal, coincidentemente, um dia após o ingresso nos processos do advogado José Eduardo Martins Cardozo (OAB/DF 54.244), que foi Ministro da Justiça no governo Dilma Rousseff e seu advogado no processo de impeachment”.
“Com mais de duas décadas de atuação na advocacia, Ana Patrícia construiu sua carreira pautada na ética e no compromisso com a defesa responsável de seus clientes. Foi vice-presidente da OAB/BA nos exercícios de 2016-2021. Candidata por duas vezes à presidência da OAB da Bahia, sempre tendo como bandeira a luta contra a violência contra as mulheres, o sexismo, o machismo, a misoginia no meio jurídico e na sociedade, bem como a defesa das prerrogativas da advocacia”.
“Por fim, solicita ao Poder360 a publicação de sua resposta em espaço de igual destaque, nos termos da Constituição Federal e da Lei nº 13.188/2015, e espera que a redação reavalie a permanência da matéria, diante da gravidade dos danos à sua imagem.”.