O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou a sede do Sindicato dos Metalúrgicos às 18h40 deste sábado (7/4). Foi a segunda tentativa de o político sair do edifício para se entregar à Polícia Federal. Na primeira, por volta das 17h, ele ficou 10 minutos dentro de um carro e precisou voltar ao prédio, pois um grupo mais radical de militantes cercou o prédio e não permitiu a passagem do veículo.
Ele caminhou por dentro do pátio do sindicato e foi a pé até um veículo da Polícia Federal, estacionado na lateral do prédio, cumprindo o acordo com a corporação de que iria se apresentar espontaneamente.
Centenas de militantes deram os braços e formaram um cordão humano com o intuito de impedir que o ex-presidente saísse do edifício. Por volta das 17h50, a senadora Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT, subiu ao carro de som em frente ao sindicato, em São Bernardo do Campo (SP), para informar a militância as consequências caso Lula não se entregasse. Ele seria responsabilizado e poderia ter a prisão preventiva decretada.
Antes de se entregar à PF, Lula teria passado mal, mas foi atendido por um amigo médico que o acompanha desde quinta (5/4), quando teve a ordem de prisão decretada por Sérgio Moro.
Recuperado, o petista conseguiu almoçar ao lado de familiares e amigos mais próximos. Segundo fontes da cúpula do PT, ele estava entristecido, mas sereno. A última refeição do líder esquerdista teve no cardápio feijoada, salada, farofa, arroz, vinagrete e guaraná.
Ao falar em público pela primeira vez após mais de 40 horas entrincheirado no sindicato, o petista fugiu do tradicional vermelho e escolheu uma camiseta azul-marinho e calça jeans. Ao lado de lideranças do Partido dos Trabalhadores, como a ex-presidente Dilma Rousseff, o líder esquerdista fez questão de relembrar o legado educacional dos seus oito anos de governo. “Eu tenho o profundo orgulho de ser o primeiro presidente da República sem diploma universitário, mas fui o presidente que mais construí universidades”.
Alternando brincadeiras e falas carregadas de raiva, Lula chegou a propor um desafio a Moro e, embora discordasse da prisão, disse não estar “acima da Justiça”. “Queria fazer um debate com o Moro sobre a denúncia, para que ele me mostrasse as provas”. Ele garantiu, ainda, que não vai resistir à ordem de prisão: “Eu vou cumprir o mandado”.