Temer diz ser contra reajuste do STF, rebate tese de golpe e faz “desabafo” em entrevista ao Globo
Em entrevista ao jornal O Globo publicada neste domingo, o presidente Michel Temer afirmou ser contra o reajuste dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), destacando o efeito-cascata que isso poderia levar. “Isso daí (reajuste do STF) gera uma cascata gravíssima. Porque pega todo o Judiciário, outros setores da administração, todo o Legislativo”. Ao ser questionado se essa era uma briga que compraria, ele afirmou: “não compro contra ninguém, mas em favor do país”.
Ao falar sobre a reforma da Previdência, ele destacou que a idade mínima de aposentadoria já está prevista de forma clara na Constituição. “Vocês sabem que na Constituição já está escrito que na Previdência geral você só se aposenta pela soma de duas condições: 35 anos de contribuição se homem, e 30 anos, se mulher; e 65 anos (de idade) se homem e 60, se mulher. Bastaria se aplicar a Constituição que estaria resolvida a questão da Previdência geral. Não sei por que, ao longo do tempo, entendeu-se que era uma alternativa, uma coisa ou outra. E não é. Está dito literalmente.” Porém, destacou que haverá muita negociação tanto para a reforma da Previdência como para a trabalhista.
Mais uma vez, o presidente rebateu a tese de golpe: “acho que o golpe não pegou. Pegou como movimento político. Como movimento político é bem pensado até. Eu quero que explique o golpe (sobe o tom, bate na mesa seguidas vezes). Eu quero debater o golpe, quero que tenham argumentos. Porque o que está infernal no Brasil é essa irascibilidade. Isso está infernizando o país. Me digam qual é o golpe? Eu só quero governar. Para mim, é honroso (assumir a Presidência). Não é questão de vida ou morte”.
Ele ainda afirmou que não existe a menor possibilidade de interferir na operação Lava Jato: “jamais o Executivo vai interferir nessa matéria. Cada Poder exerce o seu papel e seria um absurdo do Poder Executivo. Primeiro, impossível, inadmissível imaginar que o presidente da República possa chamar alguém do Supremo e dizer ‘decidam assim ou assado’. Não existe isso no Brasil”, disse. “Eu jamais faria isso. Sou muito consciente dos termos da Constituição. Não tem a menor possibilidade de interferência do Executivo, nem a favor, nem contra.”
No fim da entrevista, fez um leve desabafo: “a pressão do cargo é maior do que eu imaginava.”