O líder espiritual e idealizador da Fundação OCIDEMNTE (Organização Científica de Estudos Materiais, Naturais e Espirituais), Jair Tércio Cunha Costa, é alvo de uma investigação do Ministério Público da Bahia motivada por denúncias de abusos sexual e psicológico. O instituto, que fica no bairro de Stella Maris, em Salvador, se manifestou sobre o caso (final da reportagem).
Promotora responsável pela investigação, Sara Gama, aponta que 14 mulheres fizeram as acusações. Porém, existe a suspeita de outros casos e novas vítimas serão ouvidas na próxima semana. Além de estupro, o ex-grão-mestre da Maçonaria na Bahia é suspeito de importunação sexual e assédio. Esse último devido ao papel de liderança que exercia perante as vítimas.
“Elas acreditaram nele como um ser elevado espiritualmente, como alguém que tem uma projeção suficiente para lhes aconselhar, conduzir as suas vidas. Aquelas coisas que acontecem em todas as religiões, fundamentos, enfim. Não se trata de culpa da instituição. É culpa do homem, da pessoa”, disse Sara Gama à CNN.
Em uma live, uma das vítimas, que é psicóloga e doutora em Educação, relata que fez parte do grupo por 12 anos e o homem é um “abusador da fé”. “Toda minha vida era determina por esse falso guri”, denuncia a mulher de 33 anos. “Eu mantinha o poder dele sobre mim”, pontua ao acrescentar que “são vários tipos de abuso”.
“Há uma reprogramação mental. Essa é uma característica desses sociopatas, né? Ele vai apagando e reprogramando você. Tudo o que está acontecendo na sua vida é porque você não se espiritualizou o suficiente. Eles dizem que são retiros religiosos, mas são viagens para que você seja reprogramado. Você vai ao limite da exaustão física. No exaurir do físico seu psicológico está totalmente vulnerável a qualquer tipo de ideia. Então, é nesse momento que eles começam a dizer: eu vou te salvar de você mesma”, disse.
Defesa de Jair Tércio
Jair Tércio foi afastado cautelarmente pela maçonaria para exercer seu amplo direito de defesa. Seu advogado, Fabiano Pimentel, afirmou em nota que “os fatos narrados não condizem com a conduta de seu cliente e o mesmo afirma jamais ter agido com violência em seus relacionamentos afetivos”.
“Apesar da sua trajetória no campo dos estudos da espiritualidade, nunca se intitulou como ser humano especial, tampouco tirou nenhum tipo de vantagem ou proveito desta posição. Os fatos serão esclarecidos durante o curso do processo. A defesa reitera que o sr. Jair Tércio está à disposição das autoridades para quaisquer esclarecimentos e que os fatos serão esclarecidos durante o curso do processo”, conclui o comunicado.
A Fundação OCIDEMNTE também se manifestou. Veja abaixo: