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Informe Baiano
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Patrulhamento de guerrilha é função da PM? Qual o perfil do novo traficante?

O patrulhamento de guerrilha é função da Polícia Militar? O que está acontecendo em Salvador e nas maiores cidades da Bahia é uma guerrilha urbana? Qual o perfil do novo traficante? São perguntas urgentes que precisam ser respondidas diante de tanta demonstração de força de facções criminosas e casos de violência que resultam em balas perdidas com mortes de inocentes, a exemplo do garoto Gabriel, de apenas 10 anos, no bairro de Portão, em Lauro de Freitas.

O artigo 144 da Constituição Federal é claro ao determinar a função primordial da Polícia Militar, que é o policiamento ostensivo e a preservação da ordem pública. Já a Polícia Civil seria prevenir, repreender e investigar crimes. Isso tem acontecido na Bahia?

A organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), que tem um braço na Bahia chamado Bonde do Maluco (BDM), é considerada a segundo maior do mundo. Desbancou a japonesa Yakuza e até mesmo cartéis mexicanos. Diante disso, colocar forças de segurança, a exemplo da PM baiana, que não tem treinamento específico de guerrilha, exceto o BOPE (Batalhão de Operações Especiais), é correto? Me perdoem se estou equivocado sobre as atribuições específicas da PM, mas é no mínimo uma ingenuidade achar que as Forças de Segurança baianas vão conseguir fazer frente ao narcotráfico internacional.

O que temos visto em Salvador constantemente são guarnições, muitas vezes com três policiais, deslocando para áreas de extremo perigo e o resultado? Tiroteios intensos. Muitas vezes, os policiais são surpreendidos com ‘bondes’ com até 40 homens. Isso aconteceu certa vez no Nordeste de Amaralina e uma equipe da Rondesp Atlântico precisou ser resgatada pelo Batalhão de Choque. Os policiais não devem ter vergonha desse tipo de acontecimento, pelo contrário. Isso precisa ser falado para a sociedade.

Há 30, 20 ou 10 anos, quem eram os traficantes da Bahia? Ravengar, Pity, Betão, Perna, entre outros. O que eles faziam? Agiam como Robin Hood e proibiam seus ‘soldados’ de atirar nas viaturas. A ordem era correr, correr e correr. E hoje, quem são os traficantes? Não sabemos. E qual a ordem? Meter bala e matar. Há deboche, enfrentamento e os integrantes das facções exibem armas nas redes sociais. O perfil da criminalidade mudou.

Recentemente, um homem conhecido como ‘JB’, foi morto ao ser chamado para uma suposta reunião com comparsas, no Rio de Janeiro. Vídeos do criminoso nos Emirados Árabes e na Europa curtindo a vida com carros de luxo viralizaram. Nunca ouvir falar desse traficante e vários agentes demonstraram surpresa, já que o apelido dele nunca havia sido ‘badalado’. Ele passou ‘batido’. Isso demonstra que a ‘Inteligência’ do Estado não se atualizou. Quantos ‘JBs’ tem em Salvador? O tráfico se infiltrou em todos os níveis da sociedade e dezenas de traficantes moram em bairros nobres, a exemplo do Corredor da Vitória.

Enquanto o perfil de criminalidade e de seus atores mudam, as polícias seguem na contramão. Os coronéis, não agravando a todos, estão com mentalidade de anos 80 e 90. Essa semana um oficial superior da PM disse que não havia facção na Bahia. Ele está agindo de má fé? Não. Ele está perdido. Há duas facções na Bahia: PCC, como havia dito, e Comando Vermelho (CV). Essas organizações ‘filiam’ grupos menores, a exemplo da quadrilha ‘Katiara’, que agora faz parte do CV.

Antigamente como era a atuação dos coronéis diante do aumento da mancha criminal em alguma localidade? Fortaleciam o bairro com viaturas e sufocavam os bandidos. O problema era resolvido, mas os modus operandi mudaram. Porque os policiais vivem reclamando e dizendo que estão enxugando gelo? Porque não é a função dele. Trata-se de guerrilha urbana. Não é a Rondesp e tão pouco o PETO Rápido que vão resolver.

Não adianta achar que é o ‘Batman’ e entrar no gueto de qualquer jeito. O resultado é o que estamos vendo diariamente: famílias destruídas, policiais baleados e crianças mortas. Os policiais das unidades ordinárias não tem treinamento adequado e de guerrilha. Eles querem matar um inocente? Jamais, óbvio que não. Simplesmente våo para as ocorrências assustados e com medo de morrer.


Em Tancredo Neves, os criminosos fazem barricadas e reféns diariamente. Estão armados com fuzis e granadas, algo que era impossível e coisa de filme de Van Damme há 10 anos. O tráfico usa redes sociais para atrapalhar as operações. Exemplo: ocorre algo em São Caetano. Eles começam a dizer no WhatsApp que uma criança morreu. Portanto, o que acontece no Rio de Janeiro está acontecendo na capital baiana. O tráfico usa doutrina de guerrilha. É preciso repensar. É fácil colocar a conta do caos da violência nos policiais, mas na verdade o grande errado da história é o Estado, que não atua conjuntamente nas comunidades, que não leva educação de qualidade, que falha na política de geração de empregos para sua população e que não leva entretenimento para os jovens. Pelo contrário, permite paredões.

Afinal, o que são paredões?

Antigamente o tráfico pagava bandas através de líderes comunitários ou até mesmo de associações para organizar as festas. Muitos grupos de pagode pertenciam a traficantes. Em Pirajá, por exemplo, um traficante conhecido como Jão, que já morreu, era dono de uma banda famosa. Lembro que cheguei a ser cumprimentado por ele uma vez quando estava em um show. Obviamente, só fiquei sabendo depois que ele era o “Dono da Porra” toda. E hoje, continuam as bandas? Não. São os paredões. Uma ideia importada do sudeste do país e que virou febre entre os mais jovens. Quem financia essas festas? Qual a diferença do paredão para as festas da Orla? Precisa desenhar o principal objetivo da MAIORIA desses paredões?

Outro detalhe importante: os políticos usam paredões. Seja no bairro Tomba em Feira de Santana ou em Serrinha, sempre tem um deputado ou um vereador por trás. Em qualquer município da Bahia, coloque uma placa que é candidato a vereador ou prefeito e observe se no dia seguinte estará lá. Quem remove são os traficantes. Porque?

Por outro lado, alerto que não adianta tentar usar os paredões como pano de fundo para ‘perificar’ o crime. O problema não é a periferia e sim quem mantém isso. Dizem que custa 50 ou 80 reais uma ‘pipeta’ de cocaína. Vamos fazer um mutirão de exames toxicológicos para saber quem cheira mais? Será que é só na favela? Todos os bairros tem ‘bocas de fumo’ porque o consumo é frenético em todos os níveis. E aí eu pergunto: já que Salvador é um Big Brother com câmeras espalhadas em todos os cantos porque não monitoram a chegada das cargas nas madrugadas? Cadê o trabalho conjunto entre as polícias Federal, Civil e Militar? Há confiança entre as instituições e uma contribui com a outra mutuamente? O Ministério Público, o judiciário e o legislativo estão contribuindo de que forma?Temos drones, escutas, reconhecimento facial.. Afinal, quem o sistema favorece?

O narcotráfico quer anular a presença do Estado com o uso da força. As facções terceirizaram seus modus operandi para o Nordeste, pois perceberam o grande potencial de consumidores que geram somas vultuosas. Estamos vendo uma guerrilha urbana na Bahia e o problema não vai ser resolvido criando cargos novos para oficiais. A PM comete desvio de função, faz um papel que não é dela e em condições completamente desfavoráveis. É preciso desarmar imediatamente essa bomba-relógio.

Ramon Margiolle é editor do Informe Baiano e acompanha a rotina da polícia baiana há 21 anos.

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