Exemplo de imagem responsiva Prefeitura de Salvador
Informe Baiano
Exemplo de imagem responsiva Prefeitura de Salvador

No troca-troca partidário, pragmatismo eleitoral prevalece sobre ideologia

“Não precisa de dinheiro
Pra se ouvir meu canto
Eu sou canário do reino
E canto em qualquer lugar”
(Canário do Reino, de Carvalho e Zapatta)

Do alto do trio elétrico, o controvertido cantor Igor Kannário parou de cantar e começou a cobrir de elogios o deputado federal Zé Neto, do PT, que metia dança no camarote em frente, no sábado passado, 20, penúltimo dia da micareta de Feira de Santana. Mas a multidão de foliões que seguia o trio do cantor não prestou atenção. Continuou se balançando no ritmo do pagodão sustentado pela banda que seguiu tocando enquanto Kannário prosseguia com a louvação.

Nenhuma novidade. Afinal, é prática comum nesse tipo de festa os artistas contratados interromperem a função para tecer louvores e agradecimentos a contratantes e autoridades. Contratado pelo governo do Estado, Kannário viu em Zé Neto o destinatário perfeito para seus agradecimentos e encômios – afinal, o deputado, que é do mesmo partido do governador, é pré-candidato a prefeito e comanda uma espécie de prefeitura paralela representada pelo conjunto dos órgãos estaduais com atuação na cidade, onde manda, desmanda, nomeia e desnomeia.

O curioso é que, há quatro anos, quando amargou sua quinta derrota na disputa pela prefeitura, o persistente Zé Neto, que vai concorrer pela sexta vez, atribuiu uma parcela de culpa pelo insucesso a Igor Kannário. É que o cantor, no último dia da campanha eleitoral do segundo turno, chegou a Feira a bordo de um helicóptero e percorreu bairros da periferia da cidade, onde tem muitos fãs, pedindo votos para Colbert Filho, o candidato adversário, que ganhou a eleição.

Zé Neto não poupou críticas ao cantor, que na época era seu colega na Câmara dos Deputados, e chegou a pedir a intervenção da Justiça Eleitoral, alegando que o movimento de Kannário correndo trecho e pedindo votos para o candidato adversário fui um abuso e constituiu uma violação da legislação.

Mas, quatro anos depois, tudo mudou. Kannário, que iniciou uma curta carreira política (vereador eleito em 2016 e deputado federal em 2018) no grupo de oposição ao governo do PT, bandeou-se para a base governista filiando-se no início deste mês ao PSB da deputada Lídice da Mata. “Tamo junto, Zé Neto”, gritou, do alto do trio elétrico, para o agora companheiro, que agradeceu e deixou o camarote para acompanhar, do chão, em meio aos foliões, a pipoca do autodenominado Príncipe do Gueto.

A entrada do polêmico Igor Kannário no PSB deve ter feito estremecer em seu túmulo o lendário socialista João Mangabeira, que criou o partido, em 1947, e gerou intensa reação contrária entre os filiados baianos da legenda. A filiação do cantor foi rejeitada, por 14 votos a 2, em uma reunião da comissão executiva municipal, mas a direção estadual do partido impediu a desfiliação e chamou o assunto para si.

O pragmatismo eleitoral, no entanto, deve prevalecer sobre quaisquer veleidades ideológicas. A filiação do cantor foi conduzida por Rodrigo Hita, que é vice-presidente estadual do PSB, sobrinho de Lídice da Mata e candidato a vereador da capital. Ele alega que Kannário trará votos para a legenda, que poderá, assim, eleger dois vereadores na Câmara de Salvador. Hita está cuidando de seus interesses, pois se o partido conquistar apenas uma cadeira, o mais provável é que ela continue com o atual vereador Sílvio Humberto.

“É um pragmatismo que me constrange”, reclamou a deputada estadual Fabíola Mansur. “Pragmatismo eleitoral é desejável, sim, mas tudo tem limite”, acrescentou, salientando que o partido tem bandeiras que é preciso respeitar. “Esse é o limite”, sentenciou.

Um equívoco da deputada. O respeito a bandeiras partidárias há muito deixou de existir na salada partidária brasileira. Prevalece mesmo é o tal do pragmatismo, sem limites e sem constrangimentos, como atesta a recente temporada de caça a prefeitos desencadeada na Bahia pelo PT, PSD, PMDB e Avante. Nesse vale tudo, até mesmo bolsonaristas convictos e militantes ganharam carteirinha de petista – muitos deles vão disputar a reeleição usando camiseta verde-amarela com a estrela vermelha do PT no peito. Às favas as veleidades ideológicas.

José Carlos Teixeira
É jornalista, graduado em comunicação social pela Universidade Federal da Bahia e pós-graduado em marketing político, mídia, comportamento eleitoral e opinião pública pela Universidade Católica do Salvador

DEZENAS DE TIROS: Adolescente é alvejado em Castelo Branco

Um adolescente de 17 anos, que não teve o nome divulgado pela Polícia Civil, foi morto a tiros na tarde desta segunda-feira (06/05), 1ª...

B3 vai realizar leilões para comercialização de petróleo e gás natural

A B3, bolsa de valores brasileira sediada em São Paulo, vai realizar, pelos próximos três anos, leilões para comercialização das parcelas de petróleo e...
Fundação Jose Silveira

DEZENAS DE TIROS: Adolescente é alvejado em Castelo Branco

Um adolescente de 17 anos, que não teve o nome divulgado pela Polícia Civil, foi morto a tiros na...
Fundação Jose Silveira

DEZENAS DE TIROS: Adolescente é alvejado em Castelo Branco

Um adolescente de 17 anos, que não teve o nome divulgado pela Polícia Civil, foi morto a tiros na...

B3 vai realizar leilões para comercialização de petróleo e gás natural

A B3, bolsa de valores brasileira sediada em São Paulo, vai realizar, pelos próximos três anos, leilões para comercialização...

Francisco Elde diz que decisão do PRD em Lauro tem anuência da Executiva Nacional

O presidente estadual do PRD (Partido de Renovação Democrática), Francisco Elde, falou sobre as declarações do grupo da prefeita...

TANCREDO NEVES: Paciente quebra porta com muletas após não conseguir consulta em posto de saúde

A porta de entrada da Unidade Básica de Saúde (UBS) Rodrigo Argolo, no bairro de Tancredo Neves, em Salvador,...