A Polícia Federal (PF) cumpriu 46 mandados judiciais de duas novas fases da operação – a 43ª e a 44ª em cidades de São Paulo e Rio de Janeiro na manhã desta sexta-feira (18). Seis pessoas foram presas temporariamente, entre elas está o ex-líder do governo Lula e Dilma e ex-deputado federal Cândido Vaccarezza, que deixou o PT. Ele foi preso em São Paulo.
Segundo o Ministério Público Federal (MPF), Vacarrezza é suspeito de receber cerca de US$ 500 mil em propina.
É a primeira vez que a PF realiza duas fases da operação ao mesmo tempo. As ações foram batizadas Sem Fronteiras e Abate, respectivamente.
Henry Hoyer de Carvalho, que é operador financeiro, e o irmão dele, que não teve o nome divulgado, foram presos no Rio de Janeiro. Os outros nomes ainda não foram divulgados pela PF.
Do total de mandados, seis são de prisão de temporária, 29 são de busca e apreensão e 11 são de condução coercitiva, que é quando a pessoa é levada para prestar depoimento.
As operações investigam os crimes de corrupção, desvio de verbas públicas e lavagens de ativos identificados em contratação de grandes empresas com a Petrobras.
Uma das operações foi batizada de Sem Fronteiras. Segundo a PF, o foco é a relação espúria entre executivos da Petrobras e grupo de armadores gregos para obtenção de informações privilegiadas e favorecimento obtenção de contratos milionários com a empresa brasileira.
A outra é a Operação Abate, que mira um grupo criminoso que era apadrinhado por um ex-deputado federal, cuja influência era utilizada para a obtenção de contratos da Petrobras com empresa estrangeira. Nesta relação criminosa, recursos foram direcionados para pagamentos indevidos a executivos da estatal e agentes públicos e políticos, além do próprio ex-parlamentar, segundo a PF.
A prisão temporária tem prazo de cinco dias e pode ser prorrogada pelo mesmo período ou convertida para preventiva, que é quando não há prazo para deixar a carceragem.
Os presos serão levados para a sede da PF, em Curitiba.
Investigações
Segundo o MPF, as investigações tiveram início a partir de relato do colaborador e ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e se desenvolveram com a análise de materiais apreendidos na 13ª fase da operação.
Os procuradores dizem que Costa ajustou com o cônsul honorário da Grécia no Brasil, Konstantinos Kotronakis, um esquema de facilitação de contratação de navios gregos, mediante o fornecimento de informações privilegiadas e o pagamento de propinas.
Em um primeiro momento, o esquema era efetivado pela intermediação de Henry Hoyer de Carvalho e, depois, por intermédio de uma empresa de brokeragem constituída na Inglaterra e pertencente a Georgios Kotronakis, filho de Konstantinos, segundo o MPF.
“Dessa forma, os grupos Tsakos e Aegean, dos quais Konstantinos Kotronakis é, respectivamente, diretor e sócio-administrador, além das empresas Dynacom Tankers Management, Galbraiths e Dorian Hellas, com as quais o cônsul grego ostenta vínculos indiretos, formalizaram contratos de afretamento com a Petrobras, entre os anos de 2009 a 2013, em valores que superam US$ 500 milhões”, disseram os procuradores.
Pelo menos 2% desses valores era destinado ao pagamento de propina para funcionários públicos corrompidos, operadores financeiros e agentes políticos, afirma o MPF.