A Força Nacional de Segurança Pública foi convocada para atuar no Extremo Sul da Bahia em meio ao aumento da tensão na região. A medida foi anunciada após recomendação do Ministério da Justiça e Segurança Pública, com apoio do Ministério dos Povos Indígenas e do Movimento Unido dos Povos e Organizações Indígenas da Bahia (MUPOIBA).
A atuação da Força Nacional será focada em áreas de interesse e serviços da União, operando em regime de cooperação com as autoridades estaduais. O Governo da Bahia informou que manterá o policiamento regular já em curso na região, conforme estabelece a Constituição Federal, além de continuar colaborando com a Polícia Federal.
A presença federal tem como objetivo assegurar a ordem pública e evitar confrontos, diante de um cenário complexo que envolve disputas por terras, incluindo áreas reivindicadas por comunidades indígenas.
A crise no sul da Bahia tem gerado apreensão entre comunidades locais, produtores rurais e organizações indígenas, levando à necessidade de reforço nas ações de segurança. A expectativa é que a presença da Força Nacional contribua para estabilizar o cenário e permitir avanços em negociações e mediações de conflito.
Em nota, o Governo do Estado da Bahia reafirmou seu compromisso com o respeito à legalidade, à propriedade privada, à demarcação de terras indígenas e à manutenção da ordem pública. A gestão estadual também ressaltou que o diálogo é o único caminho legítimo e sustentável para a construção de soluções pacíficas na região.
Conflitos por terra
No dia 4 de abril, durante uma ação de retomada de terra realizada por indígenas da Aldeia Reserva dos Quatis, em uma fazenda no município de Prado, no sul , um homem de 50 anos, identificado como João Celestino Lima Filho, foi baleado e morreu. De acordo com a polícia, cerca de 20 indígenas entraram na fazenda com o objetivo de retomar a área, pertencente ao território Comexatibá. Eles informaram que pretendiam dialogar com os ocupantes do imóvel e, em seguida, iniciaram manifestações culturais diante da sede da propriedade.
O presidente do PL na Bahia e ex-ministro da Cidadania, João Roma, entende ser evidente a participação do crime organizado nas ações de invasões de terras e propriedades do Extremo Sul da Bahia. “Já está muito claro que existe participação crucial nessas invasões ilegais do crime organizado”, destacou Roma, nesta quarta-feira (2), em entrevista à Rádio Eldorado FM, de Itamaraju.
Roma salientou que esses grupos criminosos têm se utilizado da pauta da reforma agrária e da demarcação de territórios indígenas como oportunidade para manipular grupos vulneráveis para o cometimento de crimes. “A ausência do estado nestas regiões ermas propicia esse tipo de ação criminosa; mas nada justifica a ausência do Estado”.