O presidente da Associação Brasileira de Livros e Conteúdos Educacionais (Abrelivros), Ângelo Xavier, classificou como inédita e alarmante a atual crise na distribuição de materiais didáticos para a rede pública de ensino. Segundo ele, a falta de verba no Ministério da Educação (MEC) para a compra de livros representa um risco sem precedentes para a educação básica no país.
“Já vivemos situações de crises orçamentárias, falta de recursos temporários, mas deixar de comprar livros é a primeira vez, e é justamente isso que nos preocupa”, afirmou Xavier.
A declaração foi feita após o MEC confirmar à Abrelivros que só fará a compra parcial dos livros didáticos para o ano letivo de 2026, com prioridade para os componentes de Português e Matemática. A decisão foi tomada devido ao orçamento reduzido, que prevê cerca de R$ 2 bilhões para o Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD), valor considerado insuficiente para atender toda a demanda.
Segundo o presidente da entidade, essa limitação coloca em risco o único programa federal de fornecimento de livros didáticos para alunos e professores da rede pública. Ele destaca que, historicamente, o programa sempre foi executado, ainda que em meio a restrições financeiras.
“Estamos falando de milhões de crianças e jovens que podem começar o ano letivo sem o material necessário. O impacto disso é enorme, especialmente nas regiões mais vulneráveis”, alertou Xavier.
A Abrelivros estima que seriam necessários pelo menos R$ 3 bilhões para suprir adequadamente as demandas do ensino fundamental, ensino médio, EJA e programas literários em 2026. A entidade também alerta para o risco de atrasos na entrega de livros, o reaproveitamento excessivo de exemplares antigos e o comprometimento da qualidade da aprendizagem.
Diante do cenário, o presidente da Abrelivros reforça a urgência de uma recomposição orçamentária:
“Educação é prioridade no discurso, mas precisa ser prioridade no orçamento. Livros são o básico.”