O cenário mundial que aponta para uma recessão econômica, os impactos causados pelo novo coronavírus e o ato no dia 15 de março contra Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal articulado pelo presidente Jair Bolsonaro, foram analisados pelo governador Rui Costa, em entrevista nesta segunda-feira (09/03), no Centro Administrativo da Bahia (CAB), em Salvador.
“A condução do presidente do país deveria ser de estabilizar, de acalmar, de transmitir otimismo para os investidores, de pedir calma, de unir o país e o que faz o presidente, tenta jogar gasolina no que já está difícil. Então, eu estou muito preocupado com o andamento das coisas, a situação é muito preocupante. Uma recessão do jeito que está se desenhando no mundo terá impactos fortíssimos no Brasil. Se o cenário já não é bom de emprego, de aumento da pobreza, de baixa arrecadação de estados e municípios, se esse cenário se confirma vira um colapso, vira uma calamidade econômica e portanto, é preciso que o Governo Federal, que o presidente da República tenha serenidade, tome juízo para que o Brasil não entre em um ambiente completamente de desgoverno e correndo risco de uma convulsão social por conta do aprofundamento da crise econômica”, opinou o gestor.
Sobre o impacto na Bahia, Rui afirmou que “é cedo para falar de quantitativo”, mas alertou sobre a possibilidade em todo país de “shoppings e aviões vazios” e consequentemente “ausência de consumo”. O governador também disse que “a reforma (tributária) não vai resolver o problema”, pois “o elemento central no desenvolvimento em uma economia chama-se confiança”. Por fim, voltou a citar que o Brasil precisa transmitir “estabilidade, segurança jurídica e paz”.
Ronda Maria da Penha
Reconhecida nacionalmente no combate à violência contra a mulher, a Ronda Maria da Penha acaba de completar cinco anos de atividades. Para marcar a data, uma solenidade promovida no auditório da União dos Municípios da Bahia (UPB), em Salvador, reuniu diversas autoridades no início da noite desta segunda-feira (9).
Na ocasião, o governador Rui Costa destacou que “o ideal, no século 21, seria que não tivéssemos nenhuma ocorrência de agressão contra as mulheres. E queremos construir essa sociedade. Espero que em breve possamos ter uma sociedade sem agressão contra as mulheres. Isso é algo para ser construído como política pública, mas também com uma grande mobilização da sociedade. Todo mundo precisa se mobilizar a favor da paz e contra qualquer tipo violência, principalmente contra a mulher”.
A Ronda Maria da Penha tem sede na capital e núcleos em outros 15 municípios baianos. No evento desta segunda (9), o governador anunciou que a iniciativa chegará a mais oito cidades: Teixeira de Freitas, Camaçari, Bom Jesus da Lapa, Cruz das Almas, Jequié, Irecê, Catu e Entre Rios. “A Ronda será ampliada, mas fica sempre o desejo que ela se torne desnecessária o mais rápido possível”, acrescentou Rui, que foi homenageado por ser uma das pessoas que contribuíram para a existência da iniciativa.
Em cinco anos, a Ronda Maria da Penha já atendeu 6,6 mil mulheres e realizou 27 mil fiscalizações, além de 217 prisões na Bahia. “Pode-se dizer que são 217 feminicídios a menos nas estatísticas da última metade de década. Gostaríamos que a Ronda Maria da Penha não fosse mais necessária, mas, enquanto isso não acontece, trabalharemos para que cada vez mais mulheres se sintam seguras e possam denunciar agressões”, afirmou a comandante da tropa especializada, major Denice Santiago, que transferiu o cargo para a major Flávia Barreto durante a solenidade.
A Ronda Maria da Penha apresenta uma metodologia que envolve o acompanhamento das mulheres protegidas por medidas judiciais, que são identificadas com a ajuda das Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (Deam). O projeto atende, atualmente, mais de seis mil mulheres, fazendo ações como visitas domiciliares e acompanhamento em audiências judiciais.
Como resultado de termo de cooperação técnica entre as secretarias estaduais de Políticas para as Mulheres (SPM) e da Segurança Pública (SSP), Defensoria Pública (DPE), Ministério Público (MPBA) e Tribunal de Justiça da Bahia (TJBA), a Ronda Maria da Penha ainda promove palestras de conscientização e possui uma ‘Carta de Serviços’, com informações úteis sobre a tropa e o trabalho que desenvolve.