Durante uma live no Instagram nesta segunda-feira (18/05), o jornalista e ativista social Gusmão Neto voltou a defender o adiamento da prova do Enem, que segundo ele seria uma injustiça com os alunos de rede pública que não dispõe da ferramentas tecnológicas para se preparar através de aulas remotas, da mesma forma que os da rede privada. No bate-papo com a educadora e consultora Tatiana Magalhães, o jornalista disse que “a manutenção da data do exame é um verdadeiro contrassenso, uma vez que o Enem foi criado para ser um instrumento de democratização do acesso ao ensino superior no Brasil. Adiar o Enem é evitar um grande prejuízo e injustiça com os 88% dos estudantes que estão no ensino médio, que são justamente os da rede pública”, disse o comunicador. “Só irá aumentar as desigualdades sociais e econômicas. A educação é a mola propulsora para o desenvolvimento social e não está sendo tratada como prioridade”.
Além da questão das faltas de condições estruturais, como acesso à internet e a computadores, Gusmão disse ainda que é preciso levar em consideração a questão dos professores, que, em sua avaliação, ainda não estão adaptados à metodologia de ensino de forma virtual, porque a medida foi imposta repentinamente, sem tempo para treinamento, por conta da pandemia. “Uma pesquisa revelou que 83% dos professores declaram não estar aptos a ensinar online e que não estão nada realizados com o momento atual. Além disso, 90% deles afirmam ainda que nunca tiveram qualquer experiência com ensino à distância e a metade não recebeu até agora nenhjm tipo de treinamento. Ou seja, não deu tempo ainda da rede pública se preparar a esse formato. Ainda que o estado disponibilize plataformas gratuitas, sem precisar consumir internet do usuário, a rede está inapta ainda. O ano letivo já foi praticamente comprometido a nível de preparo para o Enem”, disse Gusmão, que emenda. “Receio que depois do resultado ruim no Enem, a sociedade elitista brasileira ainda culpe os professores da rede pública pelo baixo desempenho dos alunos”, desabafa.