A primeira-dama Michelle Bolsonaro afirmou que seu discurso em Libras (Língua Brasileira de Sinais), na cerimônia de posse do marido, Jair Bolsonaro (PSL), foi “um segredo guardado”, “natural e espontâneo”.
Em entrevista neste domingo (20), a primeira como primeira-dama, Michelle disse ter avisado ao marido que discursaria apenas duas horas antes de o casal sair da Granja do Torto para a cerimônia.
“Olha, eu vou discursar, mas você fica tranquilo que deve ser menos de quatro minutos”, ela afirmou ter dito a Bolsonaro. Se o marido tivesse vetado, diz, ela ficaria triste “porque tinha isso em mente”, mas aceitaria.
Michelle elaborou o discurso com a ajuda da intérprete dez dias antes da posse e manteve segredo, segundo seu relato. O cerimonial do Planalto só foi avisado um dia antes da posse, ao questioná-la, durante um ensaio, sobre o motivo de duas intérpretes no parlatório.
“Foi um momento cômico, porque uma pessoa do alto escalão ficou extremamente em pânico. ‘A sra. vai discursar, o presidente já sabe?’. Falei ‘não’. Ele [falou] ‘como assim o presidente não sabe?’. Eu falei ‘qual o problema?'”, narrou a primeira-dama.
Ela contou ainda que, meia hora antes de desfilarem no carro aberto, Bolsonaro sugeriu que ela discursasse antes. Michelle rebateu interpretações de que o discurso tenha sido golpe de marketing.
Sobre o beijo no parlatório, outra quebra de protocolo, ela disse que ouviu Bolsonaro pedindo o beijo, atendendo manifestação do público para que isso ocorresse, se virou para beijá-lo e, depois, ele pediu novamente, e ela deu o segundo selinho em seguida.
Na entrevista, Michelle afirmou ter uma bandeira e uma luta de defender minorias como a comunidade surda, além de pessoas com deficiências e doenças raras. Negou que seu papel seja somente assistencialista e defendeu trabalho voluntário com esporte para tirar os jovens das drogas e oferecer oportunidade e profissão.
Michelle afirmou que pretende deixar um legado de “ajudar e ser sensível às causas, olhar para quem realmente precisa, ajudar o próximo sem olhar a quem”. “Quero fazer a diferença”, completou.
Em relação a seu envolvimento com a comunidade surda, Michelle disse que “praticamente brigou” para que o hino nacional fosse interpretado em Libras na posse. “Eu precisava desse momento para mostrar o meu amor por eles.”Michelle afirmou que pretende deixar um legado de “ajudar e ser sensível às causas, olhar para quem realmente precisa, ajudar o próximo sem olhar a quem”. “Quero fazer a diferença”, completou.
Segundo a primeira-dama, a posse gerou repercussão na comunidade surda e aumentou o interesse pela Libras. “Se acabasse agora, eu já estava muito feliz. […]. Pra você ver que não é difícil. É só você olhar pela causa que dá certo. Estou educando as pessoas a respeitarem os direitos que eles já conseguiram.”
Michelle ainda rebateu críticas sobre a nomeação de uma amiga dela que é surda, Priscila Gaspar de Oliveira, para a Secretaria Nacional da Pessoa com Deficiência.
“Ela tem um currículo invejável. Olha a maldade. Eu esperava assim ‘a primeira surda da história a ocupar uma vaga no governo’, algo que fosse abrilhantar. […] E não foi, foi como se eu estivesse fazendo a farra das amigas. E não foi isso”, disse.
‘CHANCE AO PALÁCIO’
Michelle recebeu a equipe da TV Record no Palácio da Alvorada, a residência oficial do presidente da República. Disse que se dependesse das filhas e do marido, moraria na Granja do Torto, que é mais afastada, mas preferiu o Alvorada.
“Estamos dando, sim, uma oportunidade e uma chance para o Palácio, mais perto”. afirmou.
A primeira-dama, que é de Brasília, afirmou estar se adaptando à nova morada e disse sentir falta da sua “casinha” no Rio de Janeiro. “As primeiras noites foram em claro”, conta.
Michelle disse que chorou um dia antes da posse e que não chegou a assistir seu próprio discurso. “Realmente eu sou muito tímida e não está sendo fácil. […] Sempre fui dos bastidores.”